O Nascimento de Vênus – Sandro Botticelli – 1485
Estudar Astrologia pela via da Mitologia dos signos e dos planetas é promover autoconhecimento e também se preparar para fazê-lo em sua prática diária como astrólogo. A descrição pura e simples, como as de revistas de bancas de jornais são boas até o ponto em que a mesma descrição se torna um padrão inaplicável em um grande número de casos. Para ser profissional o astrólogo não pode apenas repetir dados superficiais ao cliente, sobretudo se o cliente chega em meio a um problema mais sério. De que adianta você dizer a ele: “olhe, leoninos gostam de chamar a atenção. Você é egocêntrico e jovial”, se a questão que ele traz passa anos luz distante disso? A angústia que aquele leonino (para usar o exemplo dado acima) estaria sentindo não é necessariamente derivada de seu egocentrismo, algo mais profundo está na raiz daquela realidade externa. É pela mitologia, ou melhor, pelo entendimento dos símbolos arquetípicos contidos nas narrativas mitológicas que temos um uma trilha para esse tesouro escondido, para o cerne da questão.
Fonte na escadaria do santuário de Bom Jesus, em Braga, Portugal, representando Saturno. Cada um dos planetas é representado em um dos patamares da subida até o topo, entre vários outros simbolismos alquímicos e astrológicos. Photo by Carlos Hollanda – outubro/2011
Conhecer as bases dessas narrativas e suas correlações com situações concretas vividas pelos seres humanos, bem como ter mecanismos para dialogar e até alterar determinado comportamento promotor de certa experiência, é o objetivo das aulas de “Mitologia e Simbolismo dos Signos e Planetas”, de formações em Astrologia mundo afora.
Um detalhe sobre essas aulas: não espere delas receitas de bolo que qualquer um poderia obter em uma publicação popular. Para isso não há qualquer necessidade de pagar um curso que desde o início informa sobre a necessidade de aprofundamento para capacitar e profissionalizar. Do contrário vale mais a pena ler textos rápidos, de graça, na internet. A questão é: você quer entender mesmo o significado de uma configuração num mapa? Quer adquirir mais conhecimento sobre a cultura ocidental e até um pouco sobre alguns elementos orientais? Quer superar as descrições sumárias sobre um trânsito que lhe faz sofrer ou quer intensificar algo que pode ser desejável? É conhecendo o símbolo a fundo que se faz isso! Não é com “quando Saturno passa sobre o Sol ficamos chatos, trabalhamos mais, perdemos energia e ponto final.”. Tem muita, mas muita coisa além que pode ser compreendida a partir do processo que um trânsito representa. Saber que situação arquetípica você estaria vivendo e como aproventá-la alivia em muito as dores e tensões de um período (em um trânsito), angústias constantes (no mapa natal), facilita a tomada de decisões e promove consistência na leitura do mapa. Aliás, até mesmo para se chegar a uma descrição sumária o estudo de símbolos e mitologia ajuda. Vez por outra algum cliente tem a justificável necessidade de saber apenas pontos específicos, evitando aprofundamentos. É o caso de quem deseja, por exemplo, saber sobre um negócio que está lançando no mercado e gostaria de verificar os potenciais de desenvolvimento do mesmo. Ok, é perfeitamente possível dar respostas objetivas assim nas leituras e essa é uma das vantagens do uso da Astrologia. Porém, no caso de quem vai fazer uma leitura de autoconhecicmento, é uma perda significativa de conteúdo e de oportunidade pedir para pular a parte em que se faz analogias entre símbolos e o que se vive. Aliás, até para quem quer respostas mais objetivas sobre determinados pontos, saber quais as analogias entre narrativas mitológicas e os símbolos em jogo na questão pode auxiliar o raciocínio do intérprete.
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Como fazer uma formação em Astrologia sem ter ao menos um mínimo de arcabouço nesta via simbólica? Você quer mesmo entender seu mapa e o de outras pessoas e saber o que se passa por trás da superficialidade de conversas de boteco? Astrologia pode até ter várias coisas “prontas” em seu estudo, como o fato de que as casas sempre significam as mesmas coisas e um planeta não significa a mesma coisa que o outro, mas existem nuances, complexidades dos símbolos que residem no inconsciente pessoal e coletivo, que só conseguimos decodificar observando firmemente as narrativas mitológicas e fazendo um entrecruzamento e uma relativização daquelas situações narradas com as particularidades da vida de cada um. Receitas de bolo, isto é, aquelas interpretações prontinhas, imutáveis, que vemos em manuais de astrologia (que podem ser muito bons sim!), não resolvem todas as questões. Depender delas para tudo pode lançá-lo num simplismo perigoso, algo que não se aplica a qualquer caso. Essas padronizações não chegam à questão de modo mais satisfatório, apenas dão bases para pensar, mas sem um entrecruzamento de dados, sem um entendimento mais encorpado do símbolo, um Plutão de casa 10 sempre significará “desgraça profissional”, quando é centenas de vezes mais interessante do que isso e, mais ainda, passível de desenvolvimento, reconfigurações de significado, de caso para caso.
Não importa se você pretende ser astrólogo clássico, relativamente distanciado das vias psicológicas que permeiam as formações de Astrologia desde metade do século XX. Não importa se você é psicanalista e não adota o conceito de arquétipos e inconsciente coletivo. O estudo das narrativas e suas correlações com símbolos astrológicos dá base para pensar, leva a entender raízes comportamentais que subjazem às atitudes externas e podem ser a chave para uma modificação de padrões repetitivos perniciosos. Ainda que não fosse isso, estudar as bases teóricas da mitologia já é de grande valia para entender a formação das sociedades, seus sistemas de crenças, como isso afeta você como indivíduo dentro de uma cultura e sociedade, de que forma esses símbolos são manipulados pelas mídias e pela política, o que está por trás de grande parte dos discursos religiosos, de suas relações com seus pais, com a morte, com o envelhecimento, com as fases da vida toda, inclusive aquelas em que você se apaixona ou em que é rejeitado pela sociedade. Se não vai lhe trazer paz, ao menos traz uma semente de maior capacidade para suportar e superar dificuldades. Uma semente é um bom começo. Se você estudar direitinho, não ficará preso a apenas um círculo de conhecimentos, no caso o astrológico, girando somente em torno do que lhe parece significar o signo tal e o planeta X, com o aspecto Y. Poderá manter mais conversas interessantes, enxergar muitas coisas que não ficam visíveis facilmente em filmes, em livros, na vida cotidiana. Poderá discutir polidamente com o vizinho intelectualóide que acha que a Astrologia é uma baboseira e lança indiretas sobre sua suposta falta de perspicácia, mostrando a ele que as coisas não são bem assim. Poderá acrescentar riqueza à sua vida, que até já pode ser muito boa, mas por que não torná-la ainda mais interessante? Um curso que se propõe não apenas descrever, mas fazer entender as hipóteses mais avançadas sobre de onde saem os mitos, como eles se formam, de que maneira constituem parcela considerável da psique e das culturas do mundo, além de, claro, falar sobre o que cada signo e planeta representa a partir desse campo simbólico, é o que ofereço em minhas aulas. Se houver pressa de aplicar uma astrologia sem essa base, que pena!
Na esperança prometéica de ter esclarecido perguntas como “para que serve estudar mitologia em astrologia, se o que quero é saber como funcionam os signos, algo mais direto?”, me despeço, provisoriamente.
Abraços fraternais,
Carlos Hollanda