O brilho oculto da alma em devir

Assistindo o documentário “A Terra à Noite”. Tudo bem impressionante, mas é notável, do ponto de vista simbólico, o fato de que os escorpiões ficam “fosforecentes” à câmera super sensível, quando banhados por luz ultravioleta. Em outras palavras, eles ressaltam sua presença no escuro, sob uma LUZ INVISÍVEL.

Qualquer semelhança com as noções atuais sobre a mitologia de Hades/Plutão, o regente moderno do signo, e divindade conhecida por seu elmo de invisibilidade, não será mera coincidência ao olhar profundo. Alan Moore fez uma associação semelhante em Promethea, ao escrever sobre Daath, a sephirah oculta, que muitos astrólogos cabalistas contemporâneos correlacionam também com Plutão.

Os escorpiões, em sua biologia, refletem a luz que nossos olhos fisicos não podem ver. No que tange à condição humana, não somente a qualquer ênfase no signo, o símbolo fala, mais ou menos, que o “essencial é invisível aos olhos”, isto é, a alma, a natureza profunda em eterno devir e metamorfose. Da mesma forma, parece dizer que a alma se revela sob holofotes que olhos comuns não alcançam. O signo representa essa característica presente em todos nós: a transmutação que faz a alma-consciência despertar e brilhar no escuro, com a imposição de uma luz que não acende no exterior, que está além do espectro, que, na calada da noite, longe dos olhares curiosos e da superfície, tem o esplendor de uma estrela.

E todos somos.

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Ordem Sobre o Caos e o Simbolismo da Páscoa

A Páscoa é um símbolo, seja ele adotado de forma religiosa ou não, é a representação do ciclo sempre renovado da vida. É uma alegoria sobre ser possível ter esperança sem que se recaia no otimismo cego.
 
Seja essa esperança numa vida eterna, em novos ciclos a viver ou em se ter deixado algo de bom neste mundo e retirar-se dele com a consciência tranquila, de todo modo a esperança é absolutamente fundamental.
 
Sem ela não há como prosseguir, não há viver suportável. Não se deve confundir esperança com tolice, ao passo que não é saudável confundir lucidez e realismo com a falta de esperança. Ambas podem coexistir e serem muito produtivas sob diferentes prismas: o material, o emocional/psíquico, o coletivo e o espiritual.
 
A Natureza, o Universo, a potência ordenadora, aparentemente caótica, mas sempre em processo organizador, talvez seja algo totalmente impessoal, nem um pouco preocupada se o time de futebol pelo qual alguém torce irá vencer ou ser derrotado numa partida, mas se mostra presente e detectável pelas sutilezas.
 
Entre elas, as nem tão sutis expressões matemáticas que vemos em Geometria Sagrada, no número de Fibonacci, e suas formas quase sempre espiraladas e coincidentes, desde o que vemos no vórtice da pia do lavabo até padrões de girassóis, conchas, plantas, animais, galáxias e no corpo humano.
 

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Podemos pensar também em astrologuês, nos ciclos recorrentes dos planetas, em seus significados estruturais repetidos sempre com a mesma duração, em suas formas espetacularmente geométricas, quando analisamos seus movimentos retrógrados ao longo de ciclos maiores, como o de Vênus, que forma um belíssimo pentagrama cósmico em torno do Sol.

 
Tais fatores ordenados e observáveis são obviamente sujeitos a variações e pequenas deformações de acordo com a multiplicidade de outros fatores cujos movimentos e desenvolvimentos interferem uns nos outros, gerando outros e maiores elementos e ciclos que, novamente, ao serem observados, reincidem no processo organizador.
 
Se o universo é somente caos, esse caos está realmente muito estranho, com tamanha quantidade de evidências de que há algo acima disso ou ao menos ao lado, coexistindo. Há alguma inteligência no cerne desse aparente conjunto de coisas aleatórias que se ajustam matemática e morfologicamente.
 
Você pode denominá-la como preferir, não é preciso enfiar goela abaixo dos outros uma concepção particular ou a de um segmento cultural, nem é preciso situar crenças como infantis, exceto quando essas crenças reformuladas reconstroem os modelos e concepções originais de modo distorcido para aquisição de poder e criação de desigualdades e obscurantismo.
 
A Páscoa, portanto, me soa como um chamado à liberdade, como na tradição judaica, mas no sentido de libertarmos a nós mesmos. É ultrapassarmos as maneiras muito inteligentes de nos tornarmos escravos com justificativas e limitações auto-impostas.
 
No sentido cristão, uma ressurreição, que podemos entender, entre outros significados, como catarse, no sentido purificador da palavra. Como reconhecer o lado sombrio, da ida aos mundos inferiores e retornar à luz da consciência. Como metáfora psicológica ou mitológica, em que encontramos nosso psicopompo, nosso Guia das Almas, na forma de Hermes, do Fio de Ariadne, da Lira de Orpheu, de Héracles dominando seus instintos na forma de Cérbero ou, ainda, Virgílio, para Dante. A narrativa cristã traz a perspectiva da alma que se volve semente e retorna com frutos a alimentar quem tem olhos para ver.
 
Falando em semente, no sentido do celtismo, o período coincide com a volta dos potenciais vitalizadores da primavera, de Ostara, a chance de compactuarmos um pouco mais com a natureza, sermos unos com Ela e Dela termos o júbilo de compartilharmos o universo em determinado tempo que nos é devido.
 
Com tudo isso, pensando nessas diferentes vertentes, incluindo as muitas que não citei aqui, desejo a todos uma “resurreição-renovação” nesse espírito de que é possível ultrapassar a mais negra das noites, pois haverá, logo à frente um áureo alvorecer. A vida se renovará, independentemente da vontade dos humanos mais apegados ao que não mais tem condições de permanecer.
 
FELIZ PÁSCOA!
 
Carlos Hollanda – 12/04/2020, às 12:04, Rio de Janeiro. Com o sol em Áries, o Ascendente em Câncer e a Lua em Sagitário, no mapa do momento.