Lula 3.0: os mapas da Posse Presidencial 2023

As posses presidenciais, no Brasil, são todas realizadas com o Sol em Capricórnio, em 1º de janeiro, o que faz com que, pela proximidade constante de Mercúrio e Vênus, em longitude, na eclíptica, tantas vezes ambos estejam ou nesse signo também ou em Aquário ou em Sagitário. Em 2023, Lula assumiu pela terceira vez a presidência enquanto Mercúrio e Vênus se encontravam no mesmo signo em que estava o Sol. Por quase 15 anos, Plutão transitou por Capricórnio, participando de todos os governos brasileiros desde 2008. Nesta posse Plutão acompanha Vênus e Mercúrio nesse signo, mas em março de 2023 fará seu primeiro ingresso em Aquário e marcará profundamente o governo Lula III (assistam o vídeo sobre Plutão em Aquário em: https://youtu.be/P7LjT5aKIKE ). O segundo ingresso de Plutão em Aquário ocorrerá em janeiro de 2024. Esses dados, aparentemente aleatórios, para olhos não treinados, são tão fundamentais quanto o ingresso de Saturno em Peixes, de março de 2023 (assista o vídeo a respeito em: https://youtu.be/_O4eAbcMxU4 ), igualmente fundamental para o acompanhamento dos rumos do país nos próximos dois anos e meio. Os trânsitos mais lentos farão aspectos com pontos importantes dos mapas da posse ao longo de suas trajetórias.

A cada posse eu calculo dois mapas: o da assinatura do termo de posse (figura 1) e o da entrega da faixa (figura 2). Costumo observar com mais atenção o segundo caso. O termo de posse é efetivamente o momento em que o presidente assume o mandato, mas a entrega da faixa tem uma característica muito poderosa, tem “manas”, mostra um ato simbólico que equivale a uma coroação ou a uma unção. A entrega da faixa neste terceiro mandato de Lula revestiu-se, ainda, de ações extraordinariamente poderosas, como nunca antes.

FIGURA 1
FIGURA 2

A presença de representantes de várias camadas da população brasileira no ato da entrega tem impacto profundo não só no imaginário, mas como compromisso com cada uma das coletividades representadas: todos ascendem ao poder. Elas literalmente subiram a Rampa do Planalto. Mesmo assim, vejamos, adiante, como se expressam os dois mapas da posse, de forma a entender como cada um dos dois possui importância tanto para o decorrer do mandato quanto caracteriza o próprio momento em si. Vale dizer que o mapa da posse, ao indicar como será o decorrer do mandato, também contribui, como parte de um conjunto, para a leitura de previsões para o país. Nesse conjunto podemos agregar:

  1. O mapa da independência ou marco inicial que caracteriza o país. No caso do Brasil, há um consenso entre o mapa do Grito do Ipiranga (Independência) e o da República.
  2. O mapa do governante, caso haja e caso sejam dados precisos ou aceitáveis com alguma margem de ajuste.
  3. O mapa da posse presidencial. Neste presente caso, o da assinatura e o da faixa.

Em todos os casos supracitados, planetas e casas astrológicas representam instâncias sociais e governamentais. Por exemplo, Mercúrio possui conexão com ministérios em si, mas seu simbolismo também remete a tudo o que diz respeito ao setor de Comunicação e produção de conhecimento do país e aos profissionais que a esse campo estão ligados. De modo análogo, eu diria “tangencial” (com algumas particularidades partilhadas), a terceira casa desses mapas rege o trânsito pelas vias urbanas, escolas e estradas intermunicipais. Júpiter rege tudo o que se conecta com as leis, os contatos com culturas de locais distantes, estrangeiros, relações internacionais, estradas interestaduais e internacionais, aeroportos, transportes de carga e universidades, assim como, tangencialmente, a nona casa também o faz. O que atingir planetas e casas, dependendo das condições presentes para cada fator, irá atingir os setores por eles regidos e representará uma tendência que se desenvolverá enquanto o processo durar. Apesar de o texto a seguir ser relativamente longo para a atual preguiça de leitura da maioria da população, acostumada com 140 caracteres que praticamente não esclarecem coisa alguma, ele é um resumo das tendências e pode ter pormenores em acréscimo. Tais acréscimos serão feitos ao longo do ano e do mandato, de acordo com os trânsitos planetários vindouros.

Por último, não deixem de observar que, excetuando-se a diferença de 24 graus entre as casas e de quase 1 grau entre as luas dos dois mapas, todas as demais posições são praticamente as mesmas. Assim, no que se refere a conjunções de planetas com estrelas, o que será dito para o primeiro mapa é idêntico ao que se encontra no segundo. Igualmente, os aspectos formados pelos planetas entre si não se modificam. A Parte da Fortuna de cada mapa difere na mesma proporção da diferença entre os Ascendentes. Uma está em 25°.05’ de Virgem, enquanto a outra em 19°.51’ de Libra.

O mapa da Assinatura do Termo de Posse (fig. 1) coincide perfeitamente com o ato burocrático, dentro do Congresso Nacional, com Saturno conjunto ao Meio do Céu e Vênus, o regente de Ascendente e Lua em Touro, no austero Capricórnio. O discurso realizado por Lula, no Congresso foi duro, direto como Marte na casa 1, coerente com promessas de campanha. Há, naquele ato, um forte potencial executivo, apesar de que a retrogradação de Marte no momento da posse revelar um grande esforço já esperado de argumentação para aprovação de propostas e metas. De fato, Mercúrio, regente desse Marte, encontrava-se retrógrado. Porém, antes que se creia em revezes maiores por conta disso, recordemos que tanto o discurso quanto o slogan que pautaram a posse (e pautarão o governo) é o de “União e Reconstrução”. Isso é revelador quanto aos fatores citados anteriormente. Retomar, refazer, rever, reconstruir, tudo em conformidade com as posições de fatores fundamentais do mapa em Capricórnio e em retrogradação. Quem assistiu esse ato solene integralmente irá lembrar do tom institucional, com o discurso sendo totalmente lido (Lula quase sempre prefere improvisar), mas com um improviso inicial sobre a caneta que o presidente recebera, em 1989, de um eleitor que lhe pedira, na época, para usá-la, caso fosse eleito. Ele a havia perdido e a recuperou. Isso é precisamente um dos potenciais de Mercúrio retrógrado, que tanto pode significar perdas e esquecimentos quanto as recuperações de coisas ou documentos do passado. Canetas são instrumentos de escrita, o que as fazem ser regidas por Mercúrio. Este último está em signo de elemento compatível consigo próprio (Terra) e de exaltação de Marte. Há muita compensação nesse simbolismo. Há essa relação entre o que é preciso recuperar/restaurar e uma proposta de seguir adiante o quanto possível, enfrentando o que for para suplantar limitações. Marte, afinal, é o Almuten Figuris (termo árabe cuja tradução é “o vitorioso”, o planeta que, entre outros atributos, define rumos importantes para a vida ou atos). Se isso estiver correto, dificilmente não haverá, mesmo com a retrogradação, ações pioneiras e corajosas. Em Gêmeos, isso tende a se dar no campo da educação, do comércio, da comunicação, da diversificação e distribuição. Há, ainda, muita necessidade de defesa no campo intelectual e de combate à ignorância ou ao dogmatismo. A “ginga” estratégica, já se sabe, terá que ser a de um Pelé, de um Garrincha, de um Mestre-Sala ou de uma passista de escola de samba, mas nem sempre será possível (Vênus está em Caprica, o “rebolado coletivo” é mais “rígido”).

Muitos podem ter-se incomodado com Saturno na cúspide do Meio do Céu, que indica o partido da situação e é um dos indicadores do modo como governante se portará, enquanto representante de uma coletividade aceito por regras estabelecidas. De fato, Saturno conjunto ao MC sinaliza enormes esforços para construir e provar-se digno de credibilidade para o grupo ao qual um indivíduo cujo período tem esse fator nessa posição. É, sim, necessário suportar críticas, pressões ainda maiores, tentativas de descrédito e ser o que costumo chamar de “especialista abordado como se aprendiz fosse”. No entanto, em todos os mapas que analisei nessas quase 4 décadas de trabalho, Saturno na 10 ou no MC revela grandes figuras representativas que, com o passar de uma primeira etapa, numa técnica de previsão, que pode durar entre 8 a 12 meses, reverte as pressões em algo um tanto parecido com reverências. Saturno, naquele mapa, situado em seu domicílio diurno, tem um único aspecto tenso, com o Ascendente taurino. Reparem o quanto Lula engasgou durante suas falas (no Congresso e no Parlatório), devido a seu recente problema nas cordas vocais. Elas são assunto taurino, signo que rege a garganta. Reparem porém, na enorme quantidade de aspectos favoráveis entre os pontos mais significativos desse mapa. Saturno faz uma conjunção exata com a estrela Nashira (de “Al Sa’d al Nashirah”), que é conhecida como “afortunado” ou “portador de boas novas”. Segundo a tradição árabe, dependendo de sua posição no mapa, “esta estrela fará com que um nativo se torne um consultor jurídico ou conselheiro e dará a tal pessoa a capacidade de ocupar um cargo de confiança. Esta estrela traz integridade e justiça e dá conhecimento do homem”. Percebe-se algo similar à natureza mais positiva de Saturno, sendo tais coisas alcançadas se o Saturno do mapa radical estiver bem posicionado. É precisamente o caso, aqui. De acordo com Ptolomeu, Nashira é da natureza de Saturno e Júpiter; e, para Simmonite, de Saturno. Para Vivian Robson, “causa superação pelo mal, que se transforma em sucesso, e dá perigo de feras”. Eu diria que, com as dificuldades a serem enfrentadas no contexto em que estamos, isso equivale a uma coisa que os cariocas conhecem bem, quando estão nadando, exaustos, em mar bravio: o ato de aproveitar uma onda perigosa “pegando jacaré” e, ainda que leve o famoso “caixote”, conseguir chegar até a areia com alguns poucos arranhões e ofegante, mas chegar vivo. Outra estrela muito significativa neste mapa é a que está conjunta com o Meio do Céu: a poderosa Deneb Algedi, a mais importante estrela da constelação de Capricórnio, que, por conta da precessão dos equinócios, quando comparada ao zodíaco trópico, está na longitude de 23 graus e 51 minutos de Aquário. É uma estrela diretamente ligada ao simbolismo de “salvar”, “sabedoria” e “integridade”, com grande senso de justiça. Isso é consenso entre vários autores.

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Há um grande sextil, que muitos chamam de “sextil cósmico”, com dois sextis e um trígono, envolvendo a conjunção Vênus-Plutão-Mercúrio, Netuno, Júpiter e o Ascendente. O Sol, a Lua e Urano formam um trígono. Ainda que haja a austeridade muito enfatizada e necessária para aquele ato, se depender dos bons aspectos, as possibilidades de articulação, potencialmente obstruídas por resistências políticas, podem ser compensadas por ofertas, solicitações, favorecimentos provenientes das relações exteriores (casa 9 lotada e Júpiter com bom aspecto, em Termo de Júpiter e em casa de seu júbilo) e até mesmo de alguns setores relativamente mais conservadores (Capricórnio e Touro), ligados à Economia e investimentos de infraestrutura. Esse mapa responde às preocupações financeiras, com o país chegando ao novo governo bastante endividado em com as estruturas comprometidas. A casa 2, dos recursos e sistema de remuneração, é regida pelo mesmo Mercúrio cujas condições já citei. É bem possível, em acréscimo, dizer que, se esse mapa for o que mais se assemelha à realidade, grande parte dessas soluções virão dos acordos internacionais de comércio e outros investimentos que exigirão uma dose extra de credibilidade e diplomacia do governo. É um fato, verificável pelas declarações e ações de governos da maioria dos países, que Lula possui essa credibilidade no exterior. Mesmo assim, várias renegociações precisarão ser feitas e novas “costuras” políticas multinacionais e regionais interferirão positivamente no sistema econômico.

A presença de Júpiter em boas condições na casa 11 (Congresso) pode indicar um atenuante para os já esperados malabarismos para a aprovação das medidas prometidas durante a campanha. Não elimina os empecilhos, mas pode, com o apoio de boas conexões a serem formadas (atributo de Júpiter na 11), revertê-las ou ultrapassá-las.

A Lua, representativa do povo, do feminino, dos anseios da população, está na casa 12, a casa dos bastidores, das tramoias e inimigos ocultos. Porém, ela está na face da própria Lua e em termo de Mercúrio, além de em signo de exaltação. A conjunção com Urano é tensa, errática, pode requerer um poder de adaptação a mudanças de rotinas acima da média normal. Que há muito trabalho a ser feito pela equipe do novo/de novo presidente, não é novidade, mas também muito se fará nesses bastidores pela equipe feminina, entre ministras e profissionais de alto gabarito que tendem a atuar de maneira vigorosa e em prol de mudanças mais radicais. No mapa da assinatura a Lua está na 12, mas no mapa da posse ela está na 11, conjunta a duas estrelas importantes do Cetus, cujas possibilidades veremos adiante. Para ambos os casos, ter a Lua em Touro é um facilitador para as questões que envolvem as casas regidas pela Lua, além da própria atenção que se dará à produtividade, economia, nutrição, agricultura, legislação de proteção às mulheres. Na 12, as atenções tendem a ser maiores para os casos tão numerosos de violência contra a mulher, que podem ter medidas de reversão desse quadro pavoroso, especialmente no caso do mapa da faixa, quando as referidas conjunções estão precisas. No mapa da assinatura, a Lua rege a casa 3, da educação fundamental e ensino médio. Podemos esperar algumas “revoluções”, na medida do possível do caixa vazio, nesse campo, se esse mapa prevalecer. No mapa da faixa, a Lua rege a casa 2, dos recursos. Nele se espera um crescimento cheio de espasmos, ora com saltos, ora com quedas, todos muito numerosos e em rápida sequência, mas com a prevalência do crescimento.

Ambos os mapas têm a Parte da Fortuna na casa 4, prestes a ingressar na 5. Em termos de casas temos a ênfase na territorialidade (casa 4) e utilização de terras para aumento da produção agrícola, enquanto há todo um conjunto de medidas para reduzir os sérios problemas sobre as terras dos povos originários. A tangência com a casa 5 é a produção artística, cultural, o incentivo de atividades promotoras da infância, adolescência e juventude. A Fortuna nesses campos é um bom presságio para o entretenimento.

O MAPA DA ENTREGA DA FAIXA PRESIDENCIAL

A partir deste parágrafo nossas atenções se voltam para o mapa da entrega da faixa presidencial. Já que a primeira parte se concluiu falando da Lua, retomemos desse ponto: na entrega da faixa a Lua caminhou cerca de 1 grau em relação à posição ocupada no mapa da assinatura, o que a fez chegar a uma conjunção tradicionalmente precisa com as estrelas Almach e Menkar, uma espécie de “A Bela e a Fera”, representando Andrômeda (Almach) e o monstro Cetus (Menkar). Esta última, no focinho do monstro, é também representativa das grandes ondas coletivas, reagindo como marés baixas e altas um tanto sem aviso. O mercado, tão volátil e sujeito aos humores (Lua) dos investidores, pode expandir-se e retrair-se com rapidez espetacular ao longo do período, especialmente no primeiro ano de mandato. As estrelas de Cetus têm características saturninas em sua maioria, o que só reforça a noção de que será preciso escalar uma montanha de empecilhos à frente, com vários testes de resistência. Para Elsbeth Ebertin, ela tem conexão com “inimizades injustificadas”. Em muitos casos, conjunções cruciais com essa estrela estão diretamente relacionados com doenças de garganta, inflamação da laringe. Em vista do que Lula tem precisado fazer para cuidar da garganta, isso é um ponto de alerta. Não deve ser apenas desta vez que ele precisará de atenção médica para evitar problemas maiores na fala. Já Almach, uma estrela que fica entre o tornozelo e o pé de Andrômeda, tem características plenamente venusianas, de honra, eminência e habilidade artística. Dá o que pensar, quando recordamos das leis de incentivo à Cultura, que podem realmente ganhar um alento, com a promoção das mais variadas formas de atividade, ainda que isso precise provir de campos semi-independentes do Estado e incentivos à iniciativa privada para tanto, de um modo diferente do já conhecido até então. A dupla Almach e Menkar está presente em casos em que é preciso haver uma intervenção direta para a proteção de pessoas passíveis de vitimização na sociedade e entre essas pessoas, as crianças. A Lua rege o feminino e a infância, o que faz com que lembremos dos enormes riscos sociais que vivem as crianças de baixa renda e de famílias (ou sem elas) em condições precárias. Serão muitas ações para conter as mais variadas formas de violência: a física, a econômica, a do preconceito e outras igualmente terríveis.

O mapa da entrega da faixa (fig. 2), como já dito, tem uma enorme expressividade. Nele os fatores representantes do governante ganham outros contornos ainda mais semelhantes tanto ao momento da entrega quanto às propostas que tendem a ser levadas a cabo. O Sol vai para a sétima casa, ganhando o tom conciliador e mediador, com o casamento ou a união com Janja como um ponto de destaque (a Fortuna em Libra reitera esse dado). A 1ª dama (ou esposa do presidente, como prefere ser chamada) tem um papel extremamente relevante. Teve no ritual da posse, terá o tempo todo. Nesse mapa, a casa 7 é regida por Júpiter, que se encontra na casa 10, em total evidência, igualmente regente da própria casas 10, com cúspide em Peixes. Janja continuará sendo uma articuladora-chave, sobretudo dos projetos culturais mais inovadores, os mais pioneiros (Júpiter em Áries), ao lado dos ministérios e como uma figura representativa de enorme ênfase.

O Ascendente em Gêmeos enfatiza sobremaneira o aspecto comunicacional, comercial, educacional já mencionado. Principalmente o educacional. Mercúrio é o regente desse Ascendente. Situado na casa 8 (recursos de terceiros, recursos compartilhados, ganhos advindos de perdas ou de investimentos, sexo, morte) junto a Plutão e Vênus, mostra, como no outro mapa, mas muito mais intensamente aqui, toda a atenção prometida às questões de gênero, às propostas de quebras de tabus em torno da sexualidade, de esclarecimento em torno disso. Da mesma forma, tem implicações potentes no campo dos investimentos compartilhados e na ação dos bancos, financiamentos e modificações lentas, mas profundas, sobre o sistema econômico. Algumas dessas modificações podem ter efeito imediato, mas a maioria será feita como uma espécie de obra de infra-estutura, com efeitos em longo prazo. Esse mapa mostra o ministro Haddad embranquecendo os cabelos com tanto trabalho, mas, conforme vimos, pelos aspectos favoráveis, com potencial para boa desenvoltura.

Saturno, nesse mapa vai para a casa 9. Trabalho e mais trabalho, responsabilidade e mais responsabilidade nos campos das relações exteriores, como o mapa anterior já havia sinalizado. Aqui, tanto a casa 9 quanto a 7 são associadas aos acordos entre nações. Haverá uma grande participação do Brasil, sobretudo de Lula, no cenário internacional, entre as supracitadas trocas acadêmicas e ações significativas sobre questões de peso para o mundo (Ecologia, mediações entre países e mercados em conflito, interações científicas, sediamento de eventos internacionais), mas também no diálogo interreligioso, extremamente fundamental na atual conjuntura e nos próximos anos. Há um peso extra nessas responsabilidades, definindo diferenças e encontrando eixos de semelhanças entre as mais variadas formas de concepção religiosa, filosófica, talvez até entre adeptos de alguma linha de pensamento e prática esotérica.

O aspecto educacional e civilizacional está reenfatizado pela estrela Rigel, o pé do Orion, sobre o Ascendente. Para os egípcios essa estrela era o sinal da bênção de Osíris, a chegada do mesmo (após ser anunciado por Ísis, representada por Sírius). Promete deixar uma “pegada”, um vestígio célebre, como a pegada de Neil Armstrong na Lua ou os habilidosos pés de Pelé, que a tem no Meio do Céu (seja na versão de 21/10 ou na de 23/10/1940 – uso o horário de 02:58 – Três Corações-MG). Rigel é fazer algo que se torne um divisor de águas e que expresse, como todo pé de constelação, esse aspecto professoral, de valorização do conhecimento, da sabedoria.

Um ponto perigoso, mas que todo mundo já devia esperar, é representado pelo Marte na casa 12 da entrega da faixa. Perigoso, porém contornável. Perigoso, pela extrema necessidade de haver cuidado contra as tramoias, inimigos ocultos vigorosos, que dizem uma coisa e fazem outra (Marte retrógrado em Gêmeos), que agridem por coisas que nem se sabe de onde saiu a justificativa e nunca dão a chance para que possamos nos defender e mostrar que o problema não era aquele. Marte rege competidores, metais, grupos militares e paramilitares. No caso, Marte rege a casa 11, com cúspide em Áries. Alguns “amigos” não são tão amigos assim, é preciso ter retaguarda o tempo todo. O tempo todo. A compensação vem pelo amplo apoio feminino, com a Lua bem aspectada na 11.

É a casa 10, todavia, que é a mais representativa desse mapa da posse. Lula foi “empossado” ou “coroado” por um menino negro (o atleta Francisco Carlos do Nascimento), um líder indígena (o cacique Raoni Metuktire, do povo Kayapó), um influencer da comunidade PCD – pessoas com deficiência (Ivan Baron), um metalúrgico (Weslley Viesba Rodrigues), uma catadora de materiais recicláveis (Aline Sousa, mulher, negra, que concluiu a entrega da faixa), um professor (Murilo de Quadros Jesus) e dois apoiadores da Vigília Lula Livre: Jucimara Fausto dos Santos e Flávio Pereira. À frente de todos, Resistência, a cadelinha adotada pelo casal presidencial. A casa 10 tem a cúspide em Peixes, signo relacionado àqueles que enfrentam condições marginalizadas, às caridades, à empatia, autossacrifício, alívio do sofrimento, especialmente o alheio, à imaginação, fantasia, cinema, artes, música, inspiração, evasões, o mar, navegação, pesca, utopias etc. Netuno, o regente “moderno” e Júpiter, o tradicional regente de Peixes, encontram-se nessa casa (Netuno na cúspide), assim como Quíron, planetoide moderno incorporado ao sistema de leitura de muitos intérpretes. Esses fatores são símbolos claros da diversidade e do esforço de identificação e empatia para com os diferentes aspectos da população brasileira. Raoni é cacique, tem equivalência de rei, é um grande líder, é jupiteriano. Todas aquelas pessoas têm grande liderança e participação empática ou são eles mesmos representações de anseios da maioria da população. Neles estão encarnadas as utopias e esperanças de uma sociedade mais justa. O jovem Ian Baron é o próprio Quíron encarnado! O mestre curador-ferido que combate o capacitismo (tanto Quíron quanto Júpiter em Áries: combatentes).

A casa 10 desse mapa mostra como o simbolismo da passagem da faixa quer representar o povo no poder e Lula tem não apenas a responsabilidade de manter o que significa todo esse ritual de outorga, mas de encarnar essas expectativas. É preciso não se tornar mártir (Netuno) e manter a coragem pioneira (Júpiter em Áries), sem causar dano a si próprio. Júpiter na 10 é fama, é prestígio, inclusive internacional. É um potencial para prestígio ou presunção. Os bons aspectos suscitam esperança no primeiro caso.

Finalizamos aqui desejando boa sorte ao presidente e a toda a equipe. Que o Brasil prospere!

Como Adquirir seu Mapa Astrológico em Vídeo

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NECROLOQUION – diálogos com o abismo – Livro em campanha no Catarse

Não, desta vez não é um livro sobre Astrologia, mas um trabalho conjunto numa obra de literatura de terror. Ok, em meu conto, na antologia, falo de alguns elementos de magia talismânica e de sigillum, grimórios e similares. Este vosso amigo aqui atua em diferentes áreas, seja na Astrologia, nas práticas terapêuticas, seja nas Artes (sobretudo como ilustrador – vide imagens abaixo, na pesquisa como historiador e também como escritor.

Grimórios, escritos de poder, encantamentos e invocações de entidades sobrenaturais, maldições e assassinatos misteriosos. Estes são alguns dos temas geradores de uma irresistível atração por aquilo que nos aterroriza. Os diálogos com o que não podemos compreender ou que representa aquilo que há de pior na condição humana são sempre sedutores e o são devido a uma verdade inconveniente: a de que podemos ser tão terríveis quanto as criaturas abjetas que povoam o imaginário.

Efetivamente, competir com a realidade não é algo fácil, não em se tratando de construir narrativas apavorantes. Vivemos muitos momentos históricos tão ou mais terríveis que as mais celebradas histórias de horror. Com as comunicações digitais cada vez mais avançadas e disponíveis, todas as atitudes horripilantes inerentes à natureza humana ganharam uma visibilidade nunca antes atingida. Isso vale para a difusão massiva de literatura como a de H.P. Lovecraft, cuja obra inspirou nosso título, mas vale igualmente para algo que talvez seja ainda mais aterrador: a percepção de que muitas pessoas podem ter atitudes e concepções terríveis como as de monstros de qualquer narrativa demoníaca. Você as conhece. Elas estão ao nosso redor, na forma de pessoas famosas ou anônimas, gente que dificilmente imaginaríamos de modo tão sombrio. São muitas. Esperam uma oportunidade para emergirem de seus poços fétidos. Terão sempre uma oportunidade. A surpresa é que uma parte dessa imundície pode ter lhe atingido, mesmo apenas parcialmente.

Como dito acima, Lovecraft, com os horrores de seu “Necronomicon – o livro dos nomes mortos”, inspirou nossos “diálogos com o abismo”. NECROLOQUION, no entanto, segue numa direção um tanto diferente: os diálogos com os mortos ou com aquilo que está várias camadas abaixo da superfície consciente é a principal tônica dos 8 contos que o leitor irá encontrar nesta antologia cujas jornadas perpassam tempos idos e a contemporaneidade, fazendo-os convergir nas insatisfações mais presentes. Ela é organizada pelo artista, professor e escritor Carlos Hollanda, com uma tenebrosa e luxuosa plêiade de autores muito experientes, como Claudia Dugim, Gian Danton, Jean Gabriel Álamo, Lidiane Cordeiro, Octavio Aragão e Rafael Senra.

Cada autor possui uma trajetória bem diversificada, transitando pela Literatura de diferentes gêneros, pelas Artes Visuais, pela Animação, pelas Histórias em Quadrinhos e pelo Cinema, seja como autores, consumidores ou pesquisadores. Da mesma forma, a multiculturalidade do grupo é um de seus pontos fortes: provêm de várias cidades, Estados e andanças pelo Brasil ou pelo mundo. Por isso mesmo, cada conto é independente, seguindo em direções inusitadas, ora se adequando a um dado subgênero do Terror, ora mesclando vários deles numa só narrativa.

A obra é lançada pela editora Viés. Aliás, o lançamento será no mês de julho.

Sobre “previsões” acerca do que já aconteceu

Há uma diferença entre supor que se prevê “acontecimentos que já ocorreram” e observar o que ocorreu para extrair conhecimento logo em seguida. No segundo caso não há pretensão além do aprendizado ou da confirmação de dados que já haviam sido coletados noutras ocasiões, com outros fatos. Sabemos, por exemplo, que em pista molhada é mais fácil um veículo derrapar e colidir, mas sabemos que isso ocorre apenas em um percentual dos casos e sob dada forma de condução, sob o estado do equipamento utilizado, entre outras variáveis. Porém, quando um veículo, colide em pista molhada, uma análise técnica é feita para constatar alguns pormenores já esperados por conta de casos anteriores e para acrescentar dados que eventualmente não tinham sido coletados.

Astrologicamente falando, outro exemplo: quando observamos que Saturno em oposição com Plutão faz muito sentido no atentado às Torres Gêmeas, em 2001, não estamos necessariamente dizendo “olhem, era óbvio, estava lá o tempo todo, nós já sabíamos”. Não, não sabíamos, ao menos não sobre um dado fato ocorrer num momento específico nem exatamente de que modo. Mas sabemos, por antecipação, que aquelas configurações celestes correspondem a situações análogas, pelo simples fato de que em outras ocasiões os mesmos fatores estavam em determinadas posições e condições no céu, como aquela mais atual. Há uma estrutura e um padrão repetitivo que pode ser detectado mesmo sob as mais variadas roupagens, de época para época, de sociedade para sociedade e de tipo de ocorrência para tipo de ocorrência.

Quando indicamos que um fato ocorreu e que, naquele momento, sincronicamente, aqueles movimento celestes também estavam presentes, fala-se, tão somente, que novamente se confirma uma tendência, mas não que se poderia prever “aquele” fato, “daquele” modo. Nos resta, assim, procurar um sentido para algumas das situações catalogadas, sentido este que não raro é possível alcançar, ainda que situações e fatos possam ser irreversivelmente dolorosos e até mesmo imprevisíveis. Outros, nem tanto, podem ser evitados com relativa facilidade, mas nem sempre as pessoas se dão o trabalho de tentar.

Tendências de Júpiter-Netuno e as pressuposições que se pretendem irrefutáveis

Em 2022 Júpiter encontrará Netuno, na mesma longitude celeste, formando uma conjunção exata, em Peixes. As possibilidades são um tanto variadas, mas dentro de um conjunto restrito de possibilidades. Várias delas citei na palestra que dei neste sábado, dia 06/11, no Simpósio do SINARJ.

Deixei, no entanto, de citar uma coisa que pode ganhar maior proporção e frequência, na medida em que Júpiter torna a se aproximar, reentrar em Peixes e chegar ao mesmo grau de Netuno (Júpiter já ingressou em Peixes em 2021 e retrogradou para Aquário – só nesse ingresso breve já tivemos muito do que identifico a seguir): o problema da presunção da infalibilidade de percepções sobre o estado psicológico e intenções alheias que, supostamente, estariam ocultas ao indivíduo, mas não para seu interlocutor

A tendência a proliferarem discursos de quem está sempre tão convicto do que crê, incluindo tudo sobre motivações internas dos outros, que aquele “convicto” usa a suposta verdade psicológica como recurso para se crer sempre certo em suas afirmações sobre quem ele observa.

Usar-se-á, portanto, quase como uma arma, a sentença de que se alguém, cujas motivações foram rotuladas, negar que tais motivações estejam presentes na raiz de determinados atos e queixas suas, esse alguém estaria se recusando a enxergar a si próprio ou sua “sombra”. Desse modo, teremos, por força de intenções às vezes até nobres, uma outra sombra, em projeção direta ao observado, vinda do observador. Ele, num círculo vicioso, parte do pressuposto de que algo negado necessariamente lá está, mas que o sujeito não quer ver e ponto final.

Se isso é verificadamente verdadeiro em muitos casos, não o é em todos e há um número considerável daqueles em que a expectativa de enxergar a sombra do analisado é tão forte e irracional que o que de fato ocorre é a já citada projeção.

Se alguém informa que algo deu errado em um planejamento porque houve uma catástrofe natural e, ainda assim, o observador insiste em dizer que tal coisa ocorreu errado porque o observado “deseja poder” e que “acha todos inferiores”, sem, contudo, se prestar a juntar todos os dados, algo de muito problemático ocorre com o observador e não com o observado.

Entretanto, voltando ao dilema da verdade psicológica, caso o segundo negue a afirmação do primeiro, este terá esse recurso para desqualificar a versão do segundo. Creio que é um cuidado a ser tomado com maior intensidade em épocas como esta nossa. Corre-se o risco de ser injusto e covarde, com o uso desse recurso mais como retórica do que como ferramenta de análise, menos como ajuda e muito mais como ferramenta de controle e humilhação.

ficou difícil de entender o texto rebuscado? Então aí vai, em outras palavras: tem muita gente que quando afirma que o outro é assim ou assado, que “quer” isso ou aquilo (psicologicamente falando), aproveita o clichê de que a negação quanto a tais afirmações seria sintoma de que tudo aquilo é verdade, pra se acreditarem sempre certos em suas especulações. Assim, mesmo que estejam delirando ou projetando suas sombras, poderão sempre impor ao outro esses “diagnósticos”.

Maçonaria: breve perfil astrológico da instituição e seus membros

Por Carlos Hollanda
(M.’.M.’. (R.E.R.), M.E.S.A., PhD, astrólogo, historiador, diretor da Escola Carlos Hollanda * Astrologia)

Bravíssima introdução – leia para entender

Cercada de pressuposições do senso comum, mistificada por uns, demonizada por muitos, a Maçonaria é uma Ordem Iniciática que tem sua origem oficial no princípio do século XVIII, tendo já, segundo Michael Baygent e Richard Leigh, Lojas (grupos organizados, templos, locais de reunião etc.) desde meados do século XVII. Há uma fronteira tênue em suas origens, no que se refere ao que muitos afirmam ser uma herança medieval templária. De fato, no livro “O Templo e a Loja” (BAYGENT e LEIGH, 2013), os autores traçam vários encadeamentos muito nítidos na análise dos séculos que separam o surgimento das Lojas Maçônicas do encerramento trágico da Ordem do Templo, com a execução de muitos membros, mestres e, sobretudo, do Grão Mestre, Jacques DeMolay, em 18/03/1314 (uma sexta-feira 13, daí o folclore em torno de “dia de azar”, com base na suposta profecia de DeMolay quando de seu martírio, sobre a morte do rei e do papa). Efetivamente, as fontes históricas das quais se valem os pesquisadores supracitados não se restringem a documentos lavrados, como certidões e declarações oficiais, mas abrangem a análise de imagens, como as da Capela de Rosslyn, na Escócia, vestígios bastante reveladores de contatos sequenciais entre várias famílias herdeiras daquelas tradições até a chegada da instituição maçônica que conhecemos. Por certo, não apenas na Escócia, que recebeu templários durante o reinado de Robert de Bruce, pouco depois da extinção da Ordem na França, mas também em Portugal, que, pouco a pouco transformara bens e membros dos templários em cavaleiros da Ordem do Cristo. Ela é precisamente a mesma que ostentava as cruzes nas caravelas que chegaram ao Brasil, conforme os pesquisadores Adílio Jorge Marques e Ricardo Uchoa, em seu “Templarismo hoje e sempre” (2018). Portugal tivera um papel de enorme importância na recepção dos templários antes e depois de suas atividades às claras. Entretanto, justamente pelas variadas vertentes que a compõem, a Maçonaria possui caráter próprio, ainda que haja incerteza quanto a uma eventual herança cavaleiresca ou não e que essa discussão esteja longe de se concluir.

Entre as características podemos incluir um importante sincretismo pelas lendas e tradições que abriga em seu corpo de representações. Ele foi transformado em sistema simbólico muito bem articulado, muito embora ele esteja longe de ser uma coisa única. Justamente o fato de a Ordem ter em sua estrutura a necessidade de abrigar os mais diversos campos do conhecimento e o livre pensar, tornar-se-ia incompatível com sua filosofia manter-se concentrada numa única forma de expressar suas propostas. A despeito de haver uma série do que se denominam “obediências” e um perfil bastante claro para todos os maçons em todo o mundo, em função dessa formação híbrida, com temáticas simbólicas herdadas de múltiplas vertentes espirituais, culturais, científicas (sim, também!), políticas e filosóficas, a Maçonaria é bastante multifacetada, não podendo ser rotulada, nem tampouco cada um de seus membros, de um modo unívoco. Essa mesma multiplicidade de vertentes faz com que na mesma estrutura funcione um grande número de ritos ou regimes que seguem correntes filosóficas muito particulares, ainda que partilhando uma série de formalidades comuns a todos os demais.

Em função do que é dito acima, vale dizer que o objetivo desta brevíssima reflexão é traçar alguns poucos, porém consistentes, paralelos entre o perfil geral da Ordem como um todo, suas principais propostas (aquelas partilhadas entre todos ou quase todos os ritos) e expressões comportamentais, situacionais, mundanas e, quiçá, espirituais e sociais, da Maçonaria através de correspondências astrológicas. Não se trata de uma descrição e contextualização dos símbolos astrológicos presentes na decoração dos templos de grande parte dos ritos, mas sim de traçar esse perfil geral dos membros e da Ordem, que pode ser identificado por vias denotativas (obviedades e sinais diretos) e conotativas. Neste último caso, o que representam, em termos zodiacais e planetários, portanto inteligíveis astrologicamente, alguns de seus principais símbolos e atitudes, de forma a dar a conhecer aos não-membros e até mesmo a seus membros não versados em Astrologia, um pouco do que se contém na própria Ordem, quanto ao que se pode decifrar a partir de parte da hermenêutica zodiacal e planetária. Conhecer as correspondências de uma dada realidade com os símbolos astrológicos é ter oportunidade para compreendê-la mais a fundo, em sua expressão psíquica e social, assim como ter referências para lidar com algo com base em dados que podem ser compreendidos pelos intérpretes do símbolo.

Como mencionado anteriormente, a Astrologia desempenha um papel importante em muitas práticas e até mesmo na estrutura dos templos da maioria dos ritos, com uma simbologia fortemente voltada para as Estrelas Fixas (na abóbada ou teto dos templos) e o desenvolvimento humano no caminho iniciático dentro da Ordem, como o percurso do iniciado (Sol) pelo zodíaco. Ainda assim, este presente estudo, extraído de um maior, traduzido em uma palestra que este autor oferece aos membros periodicamente, não faz parte deste presente material. Será, no entanto, oferecido a público, com as devidas supressões das partes compreensíveis apenas para quem é maçom. Da mesma forma, não é objetivo deste artigo detalhar exaustivamente todas as questões controversas ou o enorme conjunto de fatores interessantes que a Maçonaria possui na história mundial ou em sua própria formação. Tal aventura deixo para estudos posteriores, mais rebuscados, possivelmente acadêmicos, com rigor histórico e antropológico, e um recorte mais específico e desde já recomendo os livros da bibliografia. Desse modo, informo que aqui não mergulho nas discussões sobre pormenores que possam ser importantes para os membros da Ordem ou para suposições do senso comum sobre seu impacto nas sociedades. Manter-me-ei concentrado nas analogias ou correspondências que se podem extrair com um olhar relativamente acurado sobre a forma de agir, de pensar e de se posicionar, da Ordem. Considero traçar esse perfil algo muito útil tanto para os maçons quanto para o público interessado em Astrologia, de forma que possam compreender como essa sociedade, outrora secreta, hoje discreta, expressa sua própria arquetipologia em linhas gerais. Esse autoconhecimento coletivo é sempre importante para quem atua dentro do sistema, tanto quanto o é para quem convive com membros do mesmo ou que possui interesse no ingresso para sua formação.

Correspondências gravadas em pedra, a tônica de Saturno e os demais planetas

Para começar a traçar tais analogias astrológicas, vale muito a pena entender que o termo “maçom” em português, vem de “maçon” ou “pedreiro”, em francês. Em inglês, desde antes do século XVII, esses pedreiros eram também conhecidos como “freemasons” (pedreiros livres) e, posteriormente, o que veio a se tornar a Ordem, passou a ser chamada de “Franc Maçonnerie” ou “Franco-Maçonaria”, em grande parte devido à conexão das guildas de construtores e artesãos franceses com a construção de catedrais em vários pontos da Europa e também na Escócia e Inglaterra, em que tais guildas não estavam necessariamente submetidas a um rei. Eram basicamente contratados para erigir catedrais e grandes construções, incluindo fortificações, tais como as utilizadas por Cavaleiros da Ordem do Templo. Não entrando em importantes detalhes sobre a transição das guildas de pedreiros-arquitetos-artesãos para a maçonaria, nem tampouco das gradativa transmissão de valores e conhecimentos templários (conforme BAIGENT e LEIGH, 2013), vale dizer que os elementos filosófico-religiosos das raízes antigas e medievais que subjazem à proposta maçônica ganham contornos claros de atividade lapidar e de esforço de auto-aperfeiçoamento.

Essa mesma herança do “desbastar a pedra bruta” remete aos antigos mestres construtores e “construção” é um termo que, em astrologuês, remete diretamente a Saturno. A maçonaria é, em sua principal expressão, saturnina, ainda que hoje não se esteja mais falando de uma Maçonaria Operativa (construtores) e sim de uma Maçonaria Especulativa (já se desenvolvendo entre os século XVII e XVIII). Esta utiliza o mesmo jargão e princípios filosóficos utilizados por seus ancestrais construtores, mas convertendo a prática de erigir analogamente a catedral externa simultaneamente à interna (espiritual, psicológica etc.) em símbolos que orientam uma trajetória de crescimento interno, majoritariamente. Claro que o astrólogo atento já deverá ter percebido uma certa interferência do simbolismo jupiteriano, em todo esse processo filosófico. No entanto, a jornada interior é totalmente marcada pelos referenciais saturninos até um ponto bastante adiantado do processo, onde passa a dialogar com outros simbolismos planetários, entre expectativas comportamentais e outras mais transcendentes. Porém, mesmo nesses casos mais adiantados, prevalece um enquadramento dentro do padrão saturnino, como veremos adiante. E, claro, cumpre observar que uma expressão mercurial, isto é, do Mercúrio simbólico, regente de Gêmeos e Virgem, se faz presente na figura dos Aprendizes, enquanto elementos que absorvem conhecimento teórico (Gêmeos) e praticam aquilo que aprenderam, esmiuçando e retificando a si próprios no decorrer (Virgem). Os chamados “Companheiros Maçons”, se caracterizam como elemento de ligação, como mediação entre a fase de Aprendiz e a de Mestre, o que dificilmente não remeteria a algo com tonalidade Vênus e Libra, fatores ligados às alianças, parcerias, embelezamento (os companheiros se encarregam de “polir a pedra já desbastada” pelos aprendizes) e de preparo para lidar com a alteridade.

Não obstante, Maçonaria, podemos insistir, é algo saturnino, apesar de suas várias nuances e heranças (de muitas tradições, inclusive pagãs, em sincretismo com as judaico-cristãs!). Tanto pelo sentido capricorniano (que caracteriza os Mestres, no topo da hierarquia de uma Loja) quanto pelo aquariano (que equaliza a todos, a despeito dos títulos e graus). Recorde-se, aos recém interessados nessa linguagem simbólica, que Tanto Capricórnio quanto Aquário são regidos por esse planeta, sendo Urano, descoberto em 1781, um acréscimo da Astrologia Moderna, enquanto desde sempre Aquário tem a Crono como expressão planetária (uma coisa não necessariamente invalida a outra, mas é importante saber que Saturno nunca deixou de reger o signo do aguadeiro). Tal correspondência comportamental-circunstancial-material vale tanto para o âmbito estruturador e hierárquico, diretamente associado ao Capricórnio, quanto para o fraternal e cooperativo, relacionado ao contestador Aquário e sua necessidade de igualdade ou de, pelo menos, não ser subalternizado. Vale para o esforço constante e disciplinado (Capricórnio) e para o serviço aos irmãos e a humanidade (Aquário).

Por suas heranças cavaleirescas, ainda que muitos afirmem que tenham sido apropriadas e ressignificadas por membros da nobreza europeia no século XVIII, e outros afirmem que tenha realmente havido uma transmissão direta de saberes, tradições e valores templários durante 400 anos até a formação da Maçonaria propriamente dita, de um modo ou de outro, encontramos Marte, na composição do comportamento e da hierarquia da Ordem. Para quem está acostumado a ler conexões astrológicas nas realidades ao redor, e sabendo dessa característica marcial herdada, não é surpresa o fato de que, na própria formação de muitos de seus membros, está esse mesmo componente. Desde a origem, muitos militares britânicos,  a partir de 1742, ingressaram na maçonaria e de diversas maneiras deram a tônica para muitas das características da ordem. A própria fraternidade de caserna é algo que se afina com a proposta de fraternidade da mesma, com seu sistema cooperativo. Em vários países, um número consideravelmente grande de maçons são militares até hoje. Em astrologuês isso significa que Marte tem algo de importante na constituição da Maçonaria e de seus membros, e que podemos esperar que os mesmos sejam costumeiramente muito ativos, diretos e incisivos em suas ações, exigindo de seus membros que atuem com clareza, sem complicações e seguindo um código de conduta digno daquilo que o cisterciense Bernardo de Claraval, legara como código de cavalaria a seus contemporâneos medievos. Ao menos em teoria é o que se pede. Nem sempre toda essa disciplina é seguida à risca. Todas as boas plantações possuem ervas daninhas e os códigos servem para detectá-las e afastá-las.

A maçonaria, em sua herança arquitetônica, dos mestres construtores e geômetras entre Antiguidade e Idade Média, com sua preocupação não apenas com aquilo que é preciso, mas, sobretudo, com o que é “belo”, no sentido platônico do termo, terá que possuir algum traço expressivo de Vênus, em sua concepção (já vimos isso quanto aos Companheiros). Com efeito, conforme Christopher Knight e Robert Lomas, em seus livros sobre pesquisas arqueológicas ligadas à formação da Maçonaria, sobretudo “O Livro de Hiram” (KNIGHT e LOMAS, 2005), Vênus desempenha um papel crucial em grande parte do simbolismo do templo, das práticas iniciáticas e do esforço de harmonização do indivíduo como um ser humano melhor em sociedade. Mais ainda, há uma relação indireta entre o simbolismo de Vênus, Ceres/Deméter, a estrela Spica (alfa de Virgo), entre outras presentes no teto dos templos, com os mistérios de Elêusis, onde, em resumo, a morte e o renascimento são uma das principais referências para o desenvolvimento iniciático do membro. Esse fator, portanto, fica subjacente à expressão majoritária, saturnina, mas ainda é prevalente, sobretudo nos estudos mais internos.

A arquetipologia de Saturno, entre os maçons, contudo, faz-se presente em todas as etapas, mesmo quando mesclada com as tônicas de outros planetas, em atos simbólicos como uma iniciação ou uma passagem para um grau acima. Além de todo o simbolismo da pedra bruta e pedra polida, da construção, dos instrumentos de medição (a começar pelo esquadro e compasso, o nível e o prumo), do erigir, em sua maioria, os maçons têm como regra trajar-se de preto (ternos pretos), reforçando a analogia saturnina pelo tom escuro das vestes e pela austeridade das normas. Não só isso: preza-se pela hierarquia, pelo cruzamento paulatino de etapas de aprendizado e de ocupação de cargos, com uma profusão de títulos, certificações, datas comemorativas e de atividades importantes (calendários são coisas que também remetem a Saturno, apesar de serem lunares ou solares – falamos de demarcação de tempo, assunto de Crono). As Lojas (templos maçônicos), de fato, só podem funcionar com um determinado número de Mestres assim reconhecidos como tal, sem o que não é possível conduzir os trabalhos. Curiosamente, o número de maçons idosos tem sido um tanto maior nas primeiras décadas do século XXI, apesar de tal número poder variar de tempos em tempos. Todas essas expressões são saturninas, isto é, em jargão astrológico são assuntos regidos por Saturno.

O irrefutável eixo Câncer-Capricórnio e a conduta maçônica

Entre as principais características maçônicas, desde o ingresso do candidato, onde isso se reforça intensamente, está um ideal de união, comprometimento e adesão que ao que costumeiramente os membros se referem como “família”. Uma “família maçônica”, em que todos se tornam “irmãos” sob um mesmo código e uma mesma trajetória iniciática ou uma egrégora, se preferirem. Família é assunto canceriano, em jargão astrológico, sem discussão. Câncer é o signo que rege precisamente o clã, os familiares, a linhagem, as bases operacionais, sejam elas lar ou um centro para o qual convergem os diversos membros de um grupo relacionado por laços de sangue ou por adoções. Câncer é o signo das tradições provenientes de passados longínquos, conservadas por antepassados, por documentos, construções e diferentes outros tipos de legados sobre os quais repousam o presente. Os laços da Maçonaria, a despeito de toda a racionalidade capricorniana e aquariana, que lhe dão expressão no mundo, são também emocionais e subjetivos, conforme reza a cartilha canceriana. Falando nisso, laços e cadeias de união são fatores de suma importância não apenas na constituição física das Lojas, mas também na construção da rede de apoio e de manutenção do que sustenta seus membros em torno de suas práticas.

Câncer e Capricórnio são signos muito significativos para a Maçonaria em seu discurso simbólico, tanto na circunscrição de grande parte da filosofia/comportamento da Ordem quanto na expressão coletiva de seus membros. Câncer-Capricórnio estão entranhados na instituição pelas heranças zodiacais, com o aumento e o decréscimo de luz ao longo do ano, com o simbolismo de Sol e Lua (meio-dia e meia-noite , como as casas análogas, a 10 e a 4, respectivamente), com a ideia de fundação (Câncer) e construção (Capricórnio). No próprio templo são representados, por intermédio de alguns detalhes na decoração, como colunas, não apenas o zodíaco em si, mas, sobretudo, os trópicos de Câncer e de Capricórnio, que demarcam a ascensão e decréscimo máximos do Sol na abóbada celeste, nos solstícios (verão e inverno, respectivamente, no hemisfério norte).

Esse eixo é marcado também pela tradição judaico-cristã que permeia uma parcela de suas práticas, sobretudo com as datas importantes próximas aos solstícios e sua direta relação com dois “São João”: o Batista e o Evangelista, o primeiro (comemorado em 24 de junho) conectado com o solstício de Câncer e o segundo com o de Capricórnio (comemorado em 27 de dezembro). Ambos tradicionalmente representativos do que, em um sentido mais esotérico, costuma ser denominado pelo conjunto “porta dos homens” e “porta dos deuses”, indicando dois tipos de nascimento, o para o mundo e para a divindade, no sentido filosófico e de autoaperfeiçoamento dessas concepções. Trata-se de uma ressignificação de elementos pagãos, um tanto mais antigos de religiões solares, como a de Mithra, o Sol invictus, absorvidos pelo discurso de poder vigente durante grande parte da Idade Média. Castellani os associa também a Janus, chamando a atenção para o seguinte:

Foi a semelhança entre as palavras Janus e Joannes (João, que, em hebraico é Ieho-hannam = graça de Deus) que facilitou a troca do Janus pagão pelo João cristão, com a finalidade de extirpar uma tradição “pagã”, que se chocava com o cristianismo. E foi desta maneira que os dois São João foram associados aos solstícios e presidem às festas solsticiais. (CASTELLANI, 2012, p. 128)

O que chama a atenção, no entanto, não é apenas o processo de assimilação e ressignificação em si, nem tampouco o direcionamento que o símbolo pode sugerir à consciência do iniciado que mergulha nessa simbologia. O extraordinário é que o comportamento coletivo da Ordem (como o de uma nação ou cultura o faria) se assemelha precisamente ao eixo Câncer-Capricórnio, que lhe cai como uma luva.

Convergências das datas de origem e o eixo Câncer-Capricórnio

Curiosamente, em 24 de junho 1717 (próximo ao solstício de verão e na comemoração de São João Batista), na Inglaterra, época em que há um relativo consenso quanto ao surgimento da Maçonaria que se desdobra na forma atual (apesar de várias imprecisões e controvérsias quanto a um momento preciso de origem, que pode ser, como dito acima, um tanto anterior), é instituída a Grande Loja da Inglaterra. O que surpreende é a grande quantidade de fatores em Câncer – Sol, Mercúrio, Vênus e Júpiter (este, exaltado, nesse signo) – e a Lua cheia em Capricórnio, com Saturno exaltado, em Libra. Ver mapa hipotético, a seguir, com horário “genérico” de meio-dia.

No Brasil, outra “coincidência” interessante: a Maçonaria passa a ser reconhecida como uma instituição em 17 de junho 1822, no mesmo ano da Independência, mas muito mais proximamente ao solstício de Câncer, tendo o Sol e a Lua em Gêmeos, porém com Mercúrio, o planeta regente (dispositor) de Gêmeos, em nada menos que Câncer. Em astrologuês isso é deveras significativo e tem grande peso na consideração dos símbolos. Isso significa que mesmo sem ter o Sol ou a Lua em Câncer, o planeta regente nesse signo confere um enorme peso e representa uma manifestação particularmente caracterizada pela tônica canceriana. E mais: naquela ano havia a conjunção de dois planetas trans-saturninos em Capricórnio, Urano e Netuno, algo muito marcante nas análises de Astrologia Mundial, no que se refere à Independência da maioria das colônias na América do Sul. Vale dizer que, no Brasil, a Maçonaria tem uma flexibilidade forte, bem aos moldes geminianos, mudando rápida e fluentemente conforme a época e necessidade (ou interesses), tendo, ainda, um dos maiores números de ritos em seus quadros (variedade e ecletismo é típico de Gêmeos) em relação aos demais países. Ver mapa hipotético, a seguir, com horário “genérico” de meio-dia.

A história da Maçonaria no mundo e também no que concerne à instituição no Brasil não está, todavia, determinada pelas datas supracitadas. As controvérsias quanto às origens e inícios são grandes e podemos ter diferentes datas, com diferenças de décadas ou até mais de um século entre o que se considera oficial e o que as mais recentes pesquisas têm revelado. De fato, como vimos, entre França e Escócia, muitas Lojas maçônicas já eram formadas um tanto anteriormente à Grande Loja inglesa. Ainda assim, com toda a arbitrariedade ou até mesmo com alguma eventual urgência, nas épocas, para as escolhas das datas consideradas oficialmente, é muito significativa a convergência para o eixo Câncer-Capricórnio, o que só faz tornar a pensar numa inclinação comportamental e representativa (de ambos, membros e instituição) que gira em torno desse eixo.

Referências bibliográficas:

BAIGENT, Michael, LEIGH, Richard. O Templo e a Loja – O Surgimento da Maçonaria e a Herança Templária. São Paulo, Madras, 2013

CASTELLANI, José. Maçonaria e Astrologia. São Paulo: Landmark, 2012

HOLLANDA, Carlos. Astrologia e as polaridades – os seis eixos do zodíaco. Rio de Janeiro: Arte Sequencial, 2016

_____. Os Elos Simbólicos da Maçonaria com a Astrologia – Interseções e Decodificações. Palestra ministrada em 16/09/2021, no Rio de Janeiro, baseada em pesquisa do autor.

KNIGHT, Christopher, LOMAS, Robert. O Livro de Hiram – Maçonaria, Vênus e a Chave Secreta para a Revelação da Vida de Jesus. São Paulo, Madras, 2005.

MARQUES, Adílio Jorge, UCHOA, Ricardo. Templarismo hoje e sempre: aspectos e manifestações. Rio de Janeiro, Clube de autores, 2018

Referências na Internet: https://www.gob.org.br/

Mapa Solar e a Leitura Astrológica sem o Horário de Nascimento

Descobrindo o Método em uma Aventura no Shopping Center

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Como Ler o Mapa Sem Horário?

Em 1992, um ciclo de Saturno atrás (reescrevo este texto em fins de junho de 2021), eu havia feito uma mudança drástica de residência do Rio para São Paulo, onde vivi até o final de 1999. Em função disso, como era de se esperar, a quantidade de pessoas que atendia normalmente se reduziu muito, chegando a ficar muitos dias sem fazer um único mapa e sem a remuneração advinda dos atendimentos. Felizmente, fora para a Terra da Garoa trabalhando para uma empresa de mídias e pude me manter com menor dedicação à Astrologia, apesar de nunca ter parado, tendo, inclusive, dado aulas em algumas escolas nesse ínterim.

Em 1996, após um período de hospitalização e várias dificuldades, além de ter escrito meu primeiro livro, o “Progressão Lunar e Kabbalah”, comecei a bolar algumas formas diferenciadas de voltar à ativa com intensidade. Retomei o projeto de cursos, que nos anos anteriores ocorriam de modo um tanto rarefeito, e comecei a procurar uma maneira mais popular de aplicação de Astrologia que não fosse nem horóscopos das publicações comuns nem qualquer outra coisa superficial, que não fosse para esclarecer de fato. Desse movimento surgiu a ideia de testar formas diferentes de aplicação dos conhecimentos astrológicos adquiridos em prática de consultório que eu já tinha chegado a catalogar. Resolvi dividir minhas tarefas diárias com a montagem improvisada de um pequeno stand de atendimento pessoal num shopping center. E lá ia eu com um laptop, dividindo o stand com um amigo perfumista cheio de vidros de essências e pedrarias para vender. A ideia inicial era analisar o perfil de pessoas que compravam aquelas interpretações padronizadas de computador (eu ofereceria textos de minha autoria e também poderia fazer leituras oralmente) e ver que tipo de mercado diferente poderia ser abarcado. Na forma de leitura oral, fazia gravações de fitas K7 (sim, eu sou velho…) com previsões específicas para o mapa dos clientes e daria respostas a alguns questionamentos.

Muitas perguntas me rondavam. Qual seria a reação? Como despertar o interesse? Que resultado este tipo de trabalho teria? Seria possível satisfazer pelo menos parte da curiosidade das pessoas num ambiente tão movimentado e tão sem privacidade? Seria possível prestar um serviço astrológico decente? Até que ponto as pessoas estavam informadas a respeito do que a Astrologia pode oferecer?

Sabia que a qualidade do trabalho poderia ser comprometida se não usasse um método especial para a situação. Sabia que para não orientar erradamente era preciso ser muito específico e sucinto, mas queria testar meus limites. Era uma forma de adquirir jogo de cintura em situações inusitadas.

No shopping não havia outro astrólogo e muito menos alguém imprimindo as tais interpretações padronizadas, muito comuns à época. O serviço, que tinha um preço muito atraente, funcionava da seguinte maneira: eu pegava os dados das pessoas e, enquanto os clientes passeavam pelo shopping, gravava as interpretações (céus, não sei como eu conseguia fazer aquilo sem contato direto com o cliente! Nem pensar fazer leituras sem conversar com o cliente hoje em dia!). Pedia-lhes para voltarem após terem ouvido a fita, caso tivessem alguma dúvida. Quando alguém se preocupava em retornar para solicitá-los, eu complementava o atendimento prestando esclarecimentos adicionais. Outra atividade era distribuir impressos com artigos que escrevia, explicando como funcionava e o que esperar da Astrologia. Conquistei alguns clientes na cidade com essa prática, inclusive pessoas absolutamente céticas que, após ouvirem uma explicação lógica e terem uma demonstração, passaram a se interessar pela nossa Arte.

Algumas observações interessantes sobre o decorrer

  1. Normalmente as pessoas passavam, ficavam curiosas mas muito desconfiadas e rondavam o local onde estávamos até que viam alguém pagando pelos serviços. Depois lá vinham elas com o dinheiro na mão. Eram poucas as pessoas, mas logo descobri que um dos motivos da clientela reduzida era a presença de uma mulher que se dizia cigana e que atendia no andar de baixo. Ciganos pareciam, na época, ser mais populares que astrólogos, e as pessoas lhes atribuíam uma atmosfera de magia e sobrenatural. Para a maioria da população, Astrologia, além de parecer muito complicada para aprender, servia para “dizer como uma pessoa é”, para dizer “qual o signo que combina com o meu” ou para fazer horóscopos de jornal, nada mais além disso.
  • A maioria do público interessado era de mulheres, como ainda hoje, em 2021. Interessantes também eram as várias discussões acaloradas entre casais, quando a mulher desejava fazer uma consulta e o homem dizia em voz alta que aquilo tudo era uma bobagem.
  • Muitas pessoas, levadas por simplificações midiáticas e pela falta de informação, diziam “não acreditar em Astrologia”. Entretanto, volta e meia uma dessas mesmas pessoas (inclusive homens) parava pela segunda vez no stand para perguntar: “qual o signo que combina com o meu?”
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Mas entrando agora no tópico mais importante para o assunto deste artigo: dos clientes do shopping, quase ninguém sabia o horário de nascimento. Quando eu insistia na necessidade do horário, as pessoas acabavam preferindo visitar os stands de adivinhação ou “não-astrológicos”. Para muita gente, uma “superstição” como a Astrologia não justificaria a preocupação em saber o horário correto do nascimento. Para compensar, precisei me utilizar de uma técnica para acompanhar o estudo de progressões, trânsitos e Revolução Solar, que eu oferecia antes mesmo de me mudar para São Paulo. Era o mapa solar, uma técnica de leitura do mapa sem horário que desenvolvi empiricamente e que depois percebi que não era o único a utilizá-la com diferentes finalidades. O problema estava resolvido em parte, pois eu mesmo não acreditava que um mapa sem o horário pudesse fornecer indicações corretas.

Apesar de obrigado a ser muito rápido e a oferecer basicamente prognósticos ao invés de interpretações de mapas natais, não raro alguém se dispunha a sentar-se em meio ao turbilhão de pessoas passando pra lá e pra cá para ouvir uma interpretação. Quando alguém que não sabia o horário fazia isso, eu, com o mapa solar na mão, avisava, pouco confiante, que aquele tipo de consulta, embora não precisasse de horário de nascimento, não era totalmente consistente. Estava sendo sincero, mas várias vezes me surpreendi com a eficácia da técnica. Não esperava que ela fosse tão útil. Percebi que não só estava sendo preciso na descrição de traços de personalidade, relacionamentos e na orientação vocacional, como poderia fazer prognósticos corretos sem grandes problemas, mesmo quando não usava a Astrologia Horária para fazer previsões. E, sim, Astrologia Horária permite que façamos leituras precisas sem qualquer dado de nascimento do cliente. No entanto, não abrange a leitura comportamental ou de outros elementos que só podem ser detectados em um mapa radical.

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Devo confessar que descobri isso por acidente. Três fatores o provocaram: a alternância entre mapas com horário e os solares, o cansaço de uma semana inteira de trabalho ininterrupto e a confusão mental que aquele tumulto provocava em mim. Mas o fator que mais me fez considerar seriamente o uso da ferramenta foi o seguinte: havia interpretado o mapa de uma jovem senhora cujo horário era conhecido. Ela me elogiara bastante após o término, dizendo-se espantada com o rastreamento correto de épocas de sua vida e de traços particulares, como a profissão, o relacionamento com os filhos, problemas de saúde etc. Qual não foi minha surpresa quando, ao olhar novamente o desenho do mapa, percebi que em vez de usar o mapa com o horário que ela me informara, usei um mapa solar. Como manda a ética, informei à senhora que havia cometido um erro e que toda a interpretação poderia estar comprometida. “Tem certeza de que as datas que lhe informei bateram? Você teve essa profissão mesmo?”, perguntei. Ela respondeu que sim, e que “a interpretação foi muito esclarecedora” (palavras dela). Ainda assim, considerando que ela podia estar deslumbrada com o que acabara de ouvir, verifiquei que a Lua estava em signos trocados. A posição real da Lua era no signo de Touro, e o mapa solar mostrava a Lua em Áries. O que fez a interpretação da Lua na carta solar ficar tão parecida com a do mapa com horário correto foi a conjunção da Lua com Marte no mapa COM o horário (Lua em Touro, conjunta a Marte). Estava prestes a recusar o pagamento, quando ela, muito gentil no falar, mas brusca no movimento, afastou minha mão e disse: “Se você diz que não usou o modo certo e ainda assim interpretou certo, deve ser porque era assim que tinha que ser. Vou ficar chateada se você não aceitar o pagamento e olha que eu sou braba, como você mesmo viu.”

Com a experiência, ao voltar para casa, revirei meu arquivo de mapas de estudo e comecei a elaborar as primeiras versões deste método que usei por muitos anos com certa frequência, antes de a Astrologia começar a ganhar maior terreno na sociedade e os pais começarem a anotar com maior precisão o horário de nascimento dos filhos. Ah, sim, o no que consiste a técnica do Mapa Solar? Você pode conhecê-la ao assistir, no canal Carlos Hollanda * Astrologia, no YouTube, o minicurso realizado no dia 29/06/2021, disponível para membros do canal (nível “hollandês”). Para participar é só tornar-se membro, clicando no botão “SEJA MEMBRO”, lá no canal e seguindo as instruções. Veja lá como é: https://www.youtube.com/c/carloshollanda . É mais barato do que um almoço num restaurante popular. 🙂

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O Mapa do Momento da Vacinação da 1a. Pessoa no Brasil contra a COVID-19

O mapa do momento exato da vacinação da primeira pessoa no Brasil. Vale dizer que ele expressa configurações tremendamente de acordo com um momento tão importante, como a conjunção Lua-Netuno no Meio do Céu, assim como Quíron na 10. A esperança vencendo todas as controvérsias e visões distorcidas, com um Ascendente geminiano sobre a Face e o Termo de Júpiter, com a Lua em sextil aplicativo com Plutão e com o Sol. A Lua, associada ao feminino, transitando em Peixes, é emblemática neste caso, em que uma enfermeira (enfermagem = Lua, Virgo, casa 6, Netuno…) é vacinada por outra, sendo a 1a. vacinada Mônica Calazans, uma mulher de 54 anos com um fenótipo claramente lunar (com seios relativamente grandes, um pouco acima do peso etc.), que trabalha numa profissão que tem a cara dos esforços por alívio de sofrimento alheio, como reza a cartilha de Peixes, Netuno e Quíron.

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Muitos planetas concentrados na oitava casa, indicando poder de regeneração, resiliência, conexão com a idéia de renascimento, imunidade! Mercúrio, o regente do Ascendente em Gêmeos está num signo, Aquário, em que está muito potente e na nona casa, com repercussões em meios acadêmicos, em longas distâncias dentro do país e diante de outros países. Se considerarmos o horário planetário para aquela localidade, Vênus é o regente da hora, muito compatível com o elemento Ar do Ascendente e com o elemento Terra, em que o planeta se encontra (Capricórnio), o que multiplica a potencialidade do ato na direção dos melhores resultados.

O Ascendente estava sobre uma das mais poderosas e importantes estrelas do céu, uma das 4 estrelas Reais da Pérsia, Aldebaran. Uma estrela que apesar de sua tendência impulsiva, é uma verdadeira locomotiva, prometendo que os procedimentos para imunização da população, a despeito de quaisquer dificuldades causadas por eventuais desorganizações ou contendas, tende a se acelerar a partir daqui. Algumas interpretações a respeito dessa estrela indicam questões sobre doença, o que, de fato, é o que vem sendo tratado no momento da vacinação.

Assista vídeos com previsões e com comentários sobre os últimos acontecimentos sob a luz da Astrologia, no canal CARLOS HOLLANDA * ASTROLOGIA, no YouTube. Clique na imagem para acessar.

Como venho dizendo nos últimos vídeos e lives, a ciência prevalecerá, a lucidez prevalecerá, a esperança prevalecerá. Toda força para os profissionais de saúde e para todos os que se empenham para que vençamos esse tremendo percalço.🤩

SATURNO EM AQUÁRIO E UM MIX DE DEUSAS

Uma homenagem ao ingresso de Saturno em seu signo de gozo e outra às deusas de força e júbilo.

A propósito, o Crono é o Crono mesmo, estilizado de um jeito meio RPG, meio super-herói. Já a Deusa Ruiva é um mix de personagens mitológicas, como Afrodite, Ísis, Ceres, Danna (ou Danu) e Bamba, além de Babalon (vide Crowley), com algo de Promethea (a personagem de Moore e Williams – veja a tese aqui). Se virem mais deusas ali misturadas, provavelmente será verdade.

Se gostam de artes visuais, especialmente ilustrações para livros e quadrinhos, talvez curtam visitar o blog de artes, que, aliás, mostra um passo a passo da criação dessas imagens e uma descrição dos materiais usados. Eis, aqui, o link. Que 2021 seja belo.