Tendências de Júpiter-Netuno e as pressuposições que se pretendem irrefutáveis

Em 2022 Júpiter encontrará Netuno, na mesma longitude celeste, formando uma conjunção exata, em Peixes. As possibilidades são um tanto variadas, mas dentro de um conjunto restrito de possibilidades. Várias delas citei na palestra que dei neste sábado, dia 06/11, no Simpósio do SINARJ.

Deixei, no entanto, de citar uma coisa que pode ganhar maior proporção e frequência, na medida em que Júpiter torna a se aproximar, reentrar em Peixes e chegar ao mesmo grau de Netuno (Júpiter já ingressou em Peixes em 2021 e retrogradou para Aquário – só nesse ingresso breve já tivemos muito do que identifico a seguir): o problema da presunção da infalibilidade de percepções sobre o estado psicológico e intenções alheias que, supostamente, estariam ocultas ao indivíduo, mas não para seu interlocutor

A tendência a proliferarem discursos de quem está sempre tão convicto do que crê, incluindo tudo sobre motivações internas dos outros, que aquele “convicto” usa a suposta verdade psicológica como recurso para se crer sempre certo em suas afirmações sobre quem ele observa.

Usar-se-á, portanto, quase como uma arma, a sentença de que se alguém, cujas motivações foram rotuladas, negar que tais motivações estejam presentes na raiz de determinados atos e queixas suas, esse alguém estaria se recusando a enxergar a si próprio ou sua “sombra”. Desse modo, teremos, por força de intenções às vezes até nobres, uma outra sombra, em projeção direta ao observado, vinda do observador. Ele, num círculo vicioso, parte do pressuposto de que algo negado necessariamente lá está, mas que o sujeito não quer ver e ponto final.

Se isso é verificadamente verdadeiro em muitos casos, não o é em todos e há um número considerável daqueles em que a expectativa de enxergar a sombra do analisado é tão forte e irracional que o que de fato ocorre é a já citada projeção.

Se alguém informa que algo deu errado em um planejamento porque houve uma catástrofe natural e, ainda assim, o observador insiste em dizer que tal coisa ocorreu errado porque o observado “deseja poder” e que “acha todos inferiores”, sem, contudo, se prestar a juntar todos os dados, algo de muito problemático ocorre com o observador e não com o observado.

Entretanto, voltando ao dilema da verdade psicológica, caso o segundo negue a afirmação do primeiro, este terá esse recurso para desqualificar a versão do segundo. Creio que é um cuidado a ser tomado com maior intensidade em épocas como esta nossa. Corre-se o risco de ser injusto e covarde, com o uso desse recurso mais como retórica do que como ferramenta de análise, menos como ajuda e muito mais como ferramenta de controle e humilhação.

ficou difícil de entender o texto rebuscado? Então aí vai, em outras palavras: tem muita gente que quando afirma que o outro é assim ou assado, que “quer” isso ou aquilo (psicologicamente falando), aproveita o clichê de que a negação quanto a tais afirmações seria sintoma de que tudo aquilo é verdade, pra se acreditarem sempre certos em suas especulações. Assim, mesmo que estejam delirando ou projetando suas sombras, poderão sempre impor ao outro esses “diagnósticos”.

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