Maçonaria: breve perfil astrológico da instituição e seus membros

Por Carlos Hollanda
(M.’.M.’. (R.E.R.), M.E.S.A., PhD, astrólogo, historiador, diretor da Escola Carlos Hollanda * Astrologia)

Bravíssima introdução – leia para entender

Cercada de pressuposições do senso comum, mistificada por uns, demonizada por muitos, a Maçonaria é uma Ordem Iniciática que tem sua origem oficial no princípio do século XVIII, tendo já, segundo Michael Baygent e Richard Leigh, Lojas (grupos organizados, templos, locais de reunião etc.) desde meados do século XVII. Há uma fronteira tênue em suas origens, no que se refere ao que muitos afirmam ser uma herança medieval templária. De fato, no livro “O Templo e a Loja” (BAYGENT e LEIGH, 2013), os autores traçam vários encadeamentos muito nítidos na análise dos séculos que separam o surgimento das Lojas Maçônicas do encerramento trágico da Ordem do Templo, com a execução de muitos membros, mestres e, sobretudo, do Grão Mestre, Jacques DeMolay, em 18/03/1314 (uma sexta-feira 13, daí o folclore em torno de “dia de azar”, com base na suposta profecia de DeMolay quando de seu martírio, sobre a morte do rei e do papa). Efetivamente, as fontes históricas das quais se valem os pesquisadores supracitados não se restringem a documentos lavrados, como certidões e declarações oficiais, mas abrangem a análise de imagens, como as da Capela de Rosslyn, na Escócia, vestígios bastante reveladores de contatos sequenciais entre várias famílias herdeiras daquelas tradições até a chegada da instituição maçônica que conhecemos. Por certo, não apenas na Escócia, que recebeu templários durante o reinado de Robert de Bruce, pouco depois da extinção da Ordem na França, mas também em Portugal, que, pouco a pouco transformara bens e membros dos templários em cavaleiros da Ordem do Cristo. Ela é precisamente a mesma que ostentava as cruzes nas caravelas que chegaram ao Brasil, conforme os pesquisadores Adílio Jorge Marques e Ricardo Uchoa, em seu “Templarismo hoje e sempre” (2018). Portugal tivera um papel de enorme importância na recepção dos templários antes e depois de suas atividades às claras. Entretanto, justamente pelas variadas vertentes que a compõem, a Maçonaria possui caráter próprio, ainda que haja incerteza quanto a uma eventual herança cavaleiresca ou não e que essa discussão esteja longe de se concluir.

Entre as características podemos incluir um importante sincretismo pelas lendas e tradições que abriga em seu corpo de representações. Ele foi transformado em sistema simbólico muito bem articulado, muito embora ele esteja longe de ser uma coisa única. Justamente o fato de a Ordem ter em sua estrutura a necessidade de abrigar os mais diversos campos do conhecimento e o livre pensar, tornar-se-ia incompatível com sua filosofia manter-se concentrada numa única forma de expressar suas propostas. A despeito de haver uma série do que se denominam “obediências” e um perfil bastante claro para todos os maçons em todo o mundo, em função dessa formação híbrida, com temáticas simbólicas herdadas de múltiplas vertentes espirituais, culturais, científicas (sim, também!), políticas e filosóficas, a Maçonaria é bastante multifacetada, não podendo ser rotulada, nem tampouco cada um de seus membros, de um modo unívoco. Essa mesma multiplicidade de vertentes faz com que na mesma estrutura funcione um grande número de ritos ou regimes que seguem correntes filosóficas muito particulares, ainda que partilhando uma série de formalidades comuns a todos os demais.

Em função do que é dito acima, vale dizer que o objetivo desta brevíssima reflexão é traçar alguns poucos, porém consistentes, paralelos entre o perfil geral da Ordem como um todo, suas principais propostas (aquelas partilhadas entre todos ou quase todos os ritos) e expressões comportamentais, situacionais, mundanas e, quiçá, espirituais e sociais, da Maçonaria através de correspondências astrológicas. Não se trata de uma descrição e contextualização dos símbolos astrológicos presentes na decoração dos templos de grande parte dos ritos, mas sim de traçar esse perfil geral dos membros e da Ordem, que pode ser identificado por vias denotativas (obviedades e sinais diretos) e conotativas. Neste último caso, o que representam, em termos zodiacais e planetários, portanto inteligíveis astrologicamente, alguns de seus principais símbolos e atitudes, de forma a dar a conhecer aos não-membros e até mesmo a seus membros não versados em Astrologia, um pouco do que se contém na própria Ordem, quanto ao que se pode decifrar a partir de parte da hermenêutica zodiacal e planetária. Conhecer as correspondências de uma dada realidade com os símbolos astrológicos é ter oportunidade para compreendê-la mais a fundo, em sua expressão psíquica e social, assim como ter referências para lidar com algo com base em dados que podem ser compreendidos pelos intérpretes do símbolo.

Como mencionado anteriormente, a Astrologia desempenha um papel importante em muitas práticas e até mesmo na estrutura dos templos da maioria dos ritos, com uma simbologia fortemente voltada para as Estrelas Fixas (na abóbada ou teto dos templos) e o desenvolvimento humano no caminho iniciático dentro da Ordem, como o percurso do iniciado (Sol) pelo zodíaco. Ainda assim, este presente estudo, extraído de um maior, traduzido em uma palestra que este autor oferece aos membros periodicamente, não faz parte deste presente material. Será, no entanto, oferecido a público, com as devidas supressões das partes compreensíveis apenas para quem é maçom. Da mesma forma, não é objetivo deste artigo detalhar exaustivamente todas as questões controversas ou o enorme conjunto de fatores interessantes que a Maçonaria possui na história mundial ou em sua própria formação. Tal aventura deixo para estudos posteriores, mais rebuscados, possivelmente acadêmicos, com rigor histórico e antropológico, e um recorte mais específico e desde já recomendo os livros da bibliografia. Desse modo, informo que aqui não mergulho nas discussões sobre pormenores que possam ser importantes para os membros da Ordem ou para suposições do senso comum sobre seu impacto nas sociedades. Manter-me-ei concentrado nas analogias ou correspondências que se podem extrair com um olhar relativamente acurado sobre a forma de agir, de pensar e de se posicionar, da Ordem. Considero traçar esse perfil algo muito útil tanto para os maçons quanto para o público interessado em Astrologia, de forma que possam compreender como essa sociedade, outrora secreta, hoje discreta, expressa sua própria arquetipologia em linhas gerais. Esse autoconhecimento coletivo é sempre importante para quem atua dentro do sistema, tanto quanto o é para quem convive com membros do mesmo ou que possui interesse no ingresso para sua formação.

Correspondências gravadas em pedra, a tônica de Saturno e os demais planetas

Para começar a traçar tais analogias astrológicas, vale muito a pena entender que o termo “maçom” em português, vem de “maçon” ou “pedreiro”, em francês. Em inglês, desde antes do século XVII, esses pedreiros eram também conhecidos como “freemasons” (pedreiros livres) e, posteriormente, o que veio a se tornar a Ordem, passou a ser chamada de “Franc Maçonnerie” ou “Franco-Maçonaria”, em grande parte devido à conexão das guildas de construtores e artesãos franceses com a construção de catedrais em vários pontos da Europa e também na Escócia e Inglaterra, em que tais guildas não estavam necessariamente submetidas a um rei. Eram basicamente contratados para erigir catedrais e grandes construções, incluindo fortificações, tais como as utilizadas por Cavaleiros da Ordem do Templo. Não entrando em importantes detalhes sobre a transição das guildas de pedreiros-arquitetos-artesãos para a maçonaria, nem tampouco das gradativa transmissão de valores e conhecimentos templários (conforme BAIGENT e LEIGH, 2013), vale dizer que os elementos filosófico-religiosos das raízes antigas e medievais que subjazem à proposta maçônica ganham contornos claros de atividade lapidar e de esforço de auto-aperfeiçoamento.

Essa mesma herança do “desbastar a pedra bruta” remete aos antigos mestres construtores e “construção” é um termo que, em astrologuês, remete diretamente a Saturno. A maçonaria é, em sua principal expressão, saturnina, ainda que hoje não se esteja mais falando de uma Maçonaria Operativa (construtores) e sim de uma Maçonaria Especulativa (já se desenvolvendo entre os século XVII e XVIII). Esta utiliza o mesmo jargão e princípios filosóficos utilizados por seus ancestrais construtores, mas convertendo a prática de erigir analogamente a catedral externa simultaneamente à interna (espiritual, psicológica etc.) em símbolos que orientam uma trajetória de crescimento interno, majoritariamente. Claro que o astrólogo atento já deverá ter percebido uma certa interferência do simbolismo jupiteriano, em todo esse processo filosófico. No entanto, a jornada interior é totalmente marcada pelos referenciais saturninos até um ponto bastante adiantado do processo, onde passa a dialogar com outros simbolismos planetários, entre expectativas comportamentais e outras mais transcendentes. Porém, mesmo nesses casos mais adiantados, prevalece um enquadramento dentro do padrão saturnino, como veremos adiante. E, claro, cumpre observar que uma expressão mercurial, isto é, do Mercúrio simbólico, regente de Gêmeos e Virgem, se faz presente na figura dos Aprendizes, enquanto elementos que absorvem conhecimento teórico (Gêmeos) e praticam aquilo que aprenderam, esmiuçando e retificando a si próprios no decorrer (Virgem). Os chamados “Companheiros Maçons”, se caracterizam como elemento de ligação, como mediação entre a fase de Aprendiz e a de Mestre, o que dificilmente não remeteria a algo com tonalidade Vênus e Libra, fatores ligados às alianças, parcerias, embelezamento (os companheiros se encarregam de “polir a pedra já desbastada” pelos aprendizes) e de preparo para lidar com a alteridade.

Não obstante, Maçonaria, podemos insistir, é algo saturnino, apesar de suas várias nuances e heranças (de muitas tradições, inclusive pagãs, em sincretismo com as judaico-cristãs!). Tanto pelo sentido capricorniano (que caracteriza os Mestres, no topo da hierarquia de uma Loja) quanto pelo aquariano (que equaliza a todos, a despeito dos títulos e graus). Recorde-se, aos recém interessados nessa linguagem simbólica, que Tanto Capricórnio quanto Aquário são regidos por esse planeta, sendo Urano, descoberto em 1781, um acréscimo da Astrologia Moderna, enquanto desde sempre Aquário tem a Crono como expressão planetária (uma coisa não necessariamente invalida a outra, mas é importante saber que Saturno nunca deixou de reger o signo do aguadeiro). Tal correspondência comportamental-circunstancial-material vale tanto para o âmbito estruturador e hierárquico, diretamente associado ao Capricórnio, quanto para o fraternal e cooperativo, relacionado ao contestador Aquário e sua necessidade de igualdade ou de, pelo menos, não ser subalternizado. Vale para o esforço constante e disciplinado (Capricórnio) e para o serviço aos irmãos e a humanidade (Aquário).

Por suas heranças cavaleirescas, ainda que muitos afirmem que tenham sido apropriadas e ressignificadas por membros da nobreza europeia no século XVIII, e outros afirmem que tenha realmente havido uma transmissão direta de saberes, tradições e valores templários durante 400 anos até a formação da Maçonaria propriamente dita, de um modo ou de outro, encontramos Marte, na composição do comportamento e da hierarquia da Ordem. Para quem está acostumado a ler conexões astrológicas nas realidades ao redor, e sabendo dessa característica marcial herdada, não é surpresa o fato de que, na própria formação de muitos de seus membros, está esse mesmo componente. Desde a origem, muitos militares britânicos,  a partir de 1742, ingressaram na maçonaria e de diversas maneiras deram a tônica para muitas das características da ordem. A própria fraternidade de caserna é algo que se afina com a proposta de fraternidade da mesma, com seu sistema cooperativo. Em vários países, um número consideravelmente grande de maçons são militares até hoje. Em astrologuês isso significa que Marte tem algo de importante na constituição da Maçonaria e de seus membros, e que podemos esperar que os mesmos sejam costumeiramente muito ativos, diretos e incisivos em suas ações, exigindo de seus membros que atuem com clareza, sem complicações e seguindo um código de conduta digno daquilo que o cisterciense Bernardo de Claraval, legara como código de cavalaria a seus contemporâneos medievos. Ao menos em teoria é o que se pede. Nem sempre toda essa disciplina é seguida à risca. Todas as boas plantações possuem ervas daninhas e os códigos servem para detectá-las e afastá-las.

A maçonaria, em sua herança arquitetônica, dos mestres construtores e geômetras entre Antiguidade e Idade Média, com sua preocupação não apenas com aquilo que é preciso, mas, sobretudo, com o que é “belo”, no sentido platônico do termo, terá que possuir algum traço expressivo de Vênus, em sua concepção (já vimos isso quanto aos Companheiros). Com efeito, conforme Christopher Knight e Robert Lomas, em seus livros sobre pesquisas arqueológicas ligadas à formação da Maçonaria, sobretudo “O Livro de Hiram” (KNIGHT e LOMAS, 2005), Vênus desempenha um papel crucial em grande parte do simbolismo do templo, das práticas iniciáticas e do esforço de harmonização do indivíduo como um ser humano melhor em sociedade. Mais ainda, há uma relação indireta entre o simbolismo de Vênus, Ceres/Deméter, a estrela Spica (alfa de Virgo), entre outras presentes no teto dos templos, com os mistérios de Elêusis, onde, em resumo, a morte e o renascimento são uma das principais referências para o desenvolvimento iniciático do membro. Esse fator, portanto, fica subjacente à expressão majoritária, saturnina, mas ainda é prevalente, sobretudo nos estudos mais internos.

A arquetipologia de Saturno, entre os maçons, contudo, faz-se presente em todas as etapas, mesmo quando mesclada com as tônicas de outros planetas, em atos simbólicos como uma iniciação ou uma passagem para um grau acima. Além de todo o simbolismo da pedra bruta e pedra polida, da construção, dos instrumentos de medição (a começar pelo esquadro e compasso, o nível e o prumo), do erigir, em sua maioria, os maçons têm como regra trajar-se de preto (ternos pretos), reforçando a analogia saturnina pelo tom escuro das vestes e pela austeridade das normas. Não só isso: preza-se pela hierarquia, pelo cruzamento paulatino de etapas de aprendizado e de ocupação de cargos, com uma profusão de títulos, certificações, datas comemorativas e de atividades importantes (calendários são coisas que também remetem a Saturno, apesar de serem lunares ou solares – falamos de demarcação de tempo, assunto de Crono). As Lojas (templos maçônicos), de fato, só podem funcionar com um determinado número de Mestres assim reconhecidos como tal, sem o que não é possível conduzir os trabalhos. Curiosamente, o número de maçons idosos tem sido um tanto maior nas primeiras décadas do século XXI, apesar de tal número poder variar de tempos em tempos. Todas essas expressões são saturninas, isto é, em jargão astrológico são assuntos regidos por Saturno.

O irrefutável eixo Câncer-Capricórnio e a conduta maçônica

Entre as principais características maçônicas, desde o ingresso do candidato, onde isso se reforça intensamente, está um ideal de união, comprometimento e adesão que ao que costumeiramente os membros se referem como “família”. Uma “família maçônica”, em que todos se tornam “irmãos” sob um mesmo código e uma mesma trajetória iniciática ou uma egrégora, se preferirem. Família é assunto canceriano, em jargão astrológico, sem discussão. Câncer é o signo que rege precisamente o clã, os familiares, a linhagem, as bases operacionais, sejam elas lar ou um centro para o qual convergem os diversos membros de um grupo relacionado por laços de sangue ou por adoções. Câncer é o signo das tradições provenientes de passados longínquos, conservadas por antepassados, por documentos, construções e diferentes outros tipos de legados sobre os quais repousam o presente. Os laços da Maçonaria, a despeito de toda a racionalidade capricorniana e aquariana, que lhe dão expressão no mundo, são também emocionais e subjetivos, conforme reza a cartilha canceriana. Falando nisso, laços e cadeias de união são fatores de suma importância não apenas na constituição física das Lojas, mas também na construção da rede de apoio e de manutenção do que sustenta seus membros em torno de suas práticas.

Câncer e Capricórnio são signos muito significativos para a Maçonaria em seu discurso simbólico, tanto na circunscrição de grande parte da filosofia/comportamento da Ordem quanto na expressão coletiva de seus membros. Câncer-Capricórnio estão entranhados na instituição pelas heranças zodiacais, com o aumento e o decréscimo de luz ao longo do ano, com o simbolismo de Sol e Lua (meio-dia e meia-noite , como as casas análogas, a 10 e a 4, respectivamente), com a ideia de fundação (Câncer) e construção (Capricórnio). No próprio templo são representados, por intermédio de alguns detalhes na decoração, como colunas, não apenas o zodíaco em si, mas, sobretudo, os trópicos de Câncer e de Capricórnio, que demarcam a ascensão e decréscimo máximos do Sol na abóbada celeste, nos solstícios (verão e inverno, respectivamente, no hemisfério norte).

Esse eixo é marcado também pela tradição judaico-cristã que permeia uma parcela de suas práticas, sobretudo com as datas importantes próximas aos solstícios e sua direta relação com dois “São João”: o Batista e o Evangelista, o primeiro (comemorado em 24 de junho) conectado com o solstício de Câncer e o segundo com o de Capricórnio (comemorado em 27 de dezembro). Ambos tradicionalmente representativos do que, em um sentido mais esotérico, costuma ser denominado pelo conjunto “porta dos homens” e “porta dos deuses”, indicando dois tipos de nascimento, o para o mundo e para a divindade, no sentido filosófico e de autoaperfeiçoamento dessas concepções. Trata-se de uma ressignificação de elementos pagãos, um tanto mais antigos de religiões solares, como a de Mithra, o Sol invictus, absorvidos pelo discurso de poder vigente durante grande parte da Idade Média. Castellani os associa também a Janus, chamando a atenção para o seguinte:

Foi a semelhança entre as palavras Janus e Joannes (João, que, em hebraico é Ieho-hannam = graça de Deus) que facilitou a troca do Janus pagão pelo João cristão, com a finalidade de extirpar uma tradição “pagã”, que se chocava com o cristianismo. E foi desta maneira que os dois São João foram associados aos solstícios e presidem às festas solsticiais. (CASTELLANI, 2012, p. 128)

O que chama a atenção, no entanto, não é apenas o processo de assimilação e ressignificação em si, nem tampouco o direcionamento que o símbolo pode sugerir à consciência do iniciado que mergulha nessa simbologia. O extraordinário é que o comportamento coletivo da Ordem (como o de uma nação ou cultura o faria) se assemelha precisamente ao eixo Câncer-Capricórnio, que lhe cai como uma luva.

Convergências das datas de origem e o eixo Câncer-Capricórnio

Curiosamente, em 24 de junho 1717 (próximo ao solstício de verão e na comemoração de São João Batista), na Inglaterra, época em que há um relativo consenso quanto ao surgimento da Maçonaria que se desdobra na forma atual (apesar de várias imprecisões e controvérsias quanto a um momento preciso de origem, que pode ser, como dito acima, um tanto anterior), é instituída a Grande Loja da Inglaterra. O que surpreende é a grande quantidade de fatores em Câncer – Sol, Mercúrio, Vênus e Júpiter (este, exaltado, nesse signo) – e a Lua cheia em Capricórnio, com Saturno exaltado, em Libra. Ver mapa hipotético, a seguir, com horário “genérico” de meio-dia.

No Brasil, outra “coincidência” interessante: a Maçonaria passa a ser reconhecida como uma instituição em 17 de junho 1822, no mesmo ano da Independência, mas muito mais proximamente ao solstício de Câncer, tendo o Sol e a Lua em Gêmeos, porém com Mercúrio, o planeta regente (dispositor) de Gêmeos, em nada menos que Câncer. Em astrologuês isso é deveras significativo e tem grande peso na consideração dos símbolos. Isso significa que mesmo sem ter o Sol ou a Lua em Câncer, o planeta regente nesse signo confere um enorme peso e representa uma manifestação particularmente caracterizada pela tônica canceriana. E mais: naquela ano havia a conjunção de dois planetas trans-saturninos em Capricórnio, Urano e Netuno, algo muito marcante nas análises de Astrologia Mundial, no que se refere à Independência da maioria das colônias na América do Sul. Vale dizer que, no Brasil, a Maçonaria tem uma flexibilidade forte, bem aos moldes geminianos, mudando rápida e fluentemente conforme a época e necessidade (ou interesses), tendo, ainda, um dos maiores números de ritos em seus quadros (variedade e ecletismo é típico de Gêmeos) em relação aos demais países. Ver mapa hipotético, a seguir, com horário “genérico” de meio-dia.

A história da Maçonaria no mundo e também no que concerne à instituição no Brasil não está, todavia, determinada pelas datas supracitadas. As controvérsias quanto às origens e inícios são grandes e podemos ter diferentes datas, com diferenças de décadas ou até mais de um século entre o que se considera oficial e o que as mais recentes pesquisas têm revelado. De fato, como vimos, entre França e Escócia, muitas Lojas maçônicas já eram formadas um tanto anteriormente à Grande Loja inglesa. Ainda assim, com toda a arbitrariedade ou até mesmo com alguma eventual urgência, nas épocas, para as escolhas das datas consideradas oficialmente, é muito significativa a convergência para o eixo Câncer-Capricórnio, o que só faz tornar a pensar numa inclinação comportamental e representativa (de ambos, membros e instituição) que gira em torno desse eixo.

Referências bibliográficas:

BAIGENT, Michael, LEIGH, Richard. O Templo e a Loja – O Surgimento da Maçonaria e a Herança Templária. São Paulo, Madras, 2013

CASTELLANI, José. Maçonaria e Astrologia. São Paulo: Landmark, 2012

HOLLANDA, Carlos. Astrologia e as polaridades – os seis eixos do zodíaco. Rio de Janeiro: Arte Sequencial, 2016

_____. Os Elos Simbólicos da Maçonaria com a Astrologia – Interseções e Decodificações. Palestra ministrada em 16/09/2021, no Rio de Janeiro, baseada em pesquisa do autor.

KNIGHT, Christopher, LOMAS, Robert. O Livro de Hiram – Maçonaria, Vênus e a Chave Secreta para a Revelação da Vida de Jesus. São Paulo, Madras, 2005.

MARQUES, Adílio Jorge, UCHOA, Ricardo. Templarismo hoje e sempre: aspectos e manifestações. Rio de Janeiro, Clube de autores, 2018

Referências na Internet: https://www.gob.org.br/

Publicidade

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s